29 de dezembro de 2009

2009 um simples Desatino


2009 é muito e também não é nada pra mim!
Eu achava que havia me recuperado melhor deste ano que graças ao papai Noel ou do céu (eu realmente não sei...rs) finda esta semana.
Mas ao que se apresenta, provavelmente este ano deixou feridas que ainda não possuam formas de cicatrização...o bom das feridas é que te indicam o ferimento que existiu ali, fica mais fácil de se cuidar melhor.
Tentei mandar no tempo e construir máquinas imaginárias, me joguei do sétimo andar ao menos uma vez, e foram várias as tentativas de cavar um buraco no chão com os olhos...
Cavei tanto que acabei indo parar na China,e suas leis frias.
Parei enfim de fazer planos e estabelecer metas, isto sim me esgotou e frustrou profundamente este ano, com esta minha “vista” que tudo e nada vê...
Parece que o universo é mesmo quem manda.
Talvez aquela história da hora certa pras coisas seja mesmo verdade, porque não tem nexo algum, querer arrumar as coisas e elas se tornarem cada dia mais bagunçadas, parece que o fardo é um pouco maior do que eu acreditava que fosse.
Parece que ainda tenho um “bocado” pra aprender.E mais e mais e mais...Guimarães disse já ” Viver é etecetera...”
Acabei transformando minha vida, em apenas um ano, em uma extensa reclusão.Pseudo proteção barata de quem tinha medo de crescer. Minha reclusão foi algo extremamente difícil e necessária p mim...uns chamam de depressão, eu chamo de pausa!
Momentinho de olhar pra si, como se faz nas últimas horas antes do último suspiro por aqui.Peneirando medos, erros e acertos pra melhorar a vida.
Aprendi. E posso até bater no peito por isso...
Aprendi com muita dificuldade , que por mais certo que seja, nada mas absolutamente nada justifica um erro. E um acerto também não é digno de palmas, por ser um acerto e pronto.
Independente disso tudo, de alguma forma não podemos deixar enquanto for nossa responsabilidade que laços se quebrem por problemas internos e nossos , neste caso apenas meus...
Desde criança alguém dizia (não sei exatamente quem me dizia isso): “Uma conversa muda o rumo de uma guerra” ...passei anos mastigando palavras, digerindo idéias vomitadas em pouco mais de 3 dias. Atiradas como dardos.
Fazia muito tempo que eu não olhava tanto pra fora, o mundo acontece e a gente nem vê, todo dia e o tempo todo...o mundo “é um monte de coisas pequenas juntas”.
Mas somos mesquinhos em nossas tristezas absolutas, que até é preciso que te mostrem a lua...
E ali olhando pra lua fica fácil de se ver completamente só, e perceber que amor é algo que cabe na mão.E também é como um passarinho ferido em sua delicadeza de não mais voar, morrendo macio entre nossos dedos.
Algo passível de reconstrução?
Nada é nada e ponto. Percebi que até a escuridão tem variação de tons, neste ano...
Me tornei maior com meus erros maiores ainda.
Se eu tivesse criado uma máquina do tempo certamente faria tudo diferente...sendo mais honesta com vida!
Só quem perde algo se levanta pra procurar, mesmo no escuro.
Mas é pra isso que o tempo é dividido em passado, presente e futuro.
É pra gente ter a chance de fazer melhor, viver melhor, amar melhor, ser melhor.
As percepções se dão no silêncio da gente com a gente mesmo.Mas é preciso parar o mundo, o teu, e descer em alguns segundos da vida.
Isso é estar vivo.
Reconhecer a vida e fazer o que acredita. Correr contra o tempo?
Uma vez eu tive um problema, perguntei pra alguém com vidrinhos de sabedoria armazenada como proceder.Escutei “ Compre um relógio” . Com 13 anos de idade a gente definitivamente não sabe ao certo o que fazer com o tempo.Será mesmo que algum tempo é perdido?!?
Prefiro crer nos ganhos da coisa toda.
Equilíbrio é a palavra de ordem pras luas que virão. Nem tanto céu, nem tanta terra...nem a emoção da razão, nem a razão da emoção.
Definitivamente elas precisam ser separadas em minha vida que virá .
Parei de pensar nas nuvens, agora lotarei meus travesseiros com elas, e amarei quem sempre amei!E mais e mais e mais...
2009.Cheio dos contos dos meus dias.
Com a integridade da ausência do peito que bate ao seu lado.
Mundos particulares cheios de essências vazias.E a vida é tanta...
Desejo mais pra nós, nós todos!!!Em 2010 e pra sempre.
Em menos de uma semana se encha de amigos...de chocolate...de gargalhada de criança!
Erre, mas acerte em números maiores.
Valorize as pequenas coisas e atitudes também.
Um bolo caseiro vale mais que uma festa inteira...bem mais.Eu sei.
Olhe pra quem você ama, no fundo da alma da pessoa, e relembre o que lhe fez se importar e pra sempre.
Acredite no lado bom que todo mundo tem...aposto que cada um de nós conhece alguém vidrado por cinema, por velhinhos, por desenho animado, por futebol, por pipoca, por papo no botequim...por coisas...por pessoas.
Apenas separe o joio do trigo e tente desesperadamente melhorar o mundo! O teu mundo!
Eu tenho uma amiga que adora colagens e canetinhas coloridas, e ela é incrível.
Tenho um outro amigo que curte medicina ayurvédica, ele também é demais...atrapalhado, iluminado e incrível.
Conheço uma menina que acha que é gente grande, e quer por que quer fazer uma tatto no verão...daquele tipinho incrível...
Conheço uma mulher que tem 3 filhos e rala muito pra cuidar deles, mora longe de mim...mas também é incrível...
Tem uma moça que é meio morena e meio rosa...sabe tanto ou mais de MPB que o Tom...rs ...e ela é incrível.
Conheço um poeta preso em um mundo diferente, ele tem um coração enorme e adora café...quando a gente se encontra sempre parece que faz tempo, por isso ele é tão incrível.
Tem um senhor que é menino e é meu amigo, ele ta “bombando”, porque ele é simplesmente incrível!
Tenho uma amiga, daquelas do peito, que quer casar em 2010...anda preparando as coisas e reclamando rs...e ela é incrível!
Conheço um rapaz incrível que me disse que em 2010 vai voltar a tocar clarinete.
Tem um que troquei o nome pra um simples som, ele tem uma capacidade incrível de me fazer sorrir toda hora ...é incrível...
Eu conheço e Amo cada um com uma forma diferente de amor...
E desejo PAZ!
Eu...
direto da "Pokebola" , deixando pra trás em 2009 as lembranças de um ano insignificante na tristeza, mas cheio de estrada.
Virando a página do agora, porque evoluir é preciso!
Ahh, comprei o relógio!
Lá vou eu lidar melhor com o tempo mais uma vez
...e que assim seja!

Amne

O fim do caminho


Sou o que sobrou do mundo no dia em que nasci
E fico aqui avaliando as tempestades que
se fazem no silêncio dos meus pensamentos solitários
Ouso pensar ainda que as faces da morte
Transmitem mais força que à própria vontade da vida
Quantas vezes errar o mesmo erro no espelho e chorar
Lágrimas que ninguém vê?
Queria um sol particular
Deste que se guarda no bolso
Queria uma lua no meu dia
Que curasse de vez feridas que não se calam
Sendo mais do que sou
Não apenas aquilo que me transformam
Anseio amanhãs deitada , escondida
Por uma manta fina de algodão...
e uma crosta grossa de feridas revolvidas
Por uma vida inteira
As escolhas não mais me pertencem
O caminho fechado,
com um tipo de capim doloroso
Não se abre pra “fraqueza” dos meus pequenos braços sem vontade.
Amne

23 de dezembro de 2009

Natal aqui em "GAZA"

Antigamente as coisas eram diferentes.
O Natal, por exemplo, demorava pra chegar.O ano era um tempão, e o mês de dezembro passava conforme grãos de areia soltos tentando se encontrar.
Acho que nem pras crianças o Natal demora mais. Vupt e chegou o Natal.
As vacas e os carneiros são quase tão esquisitos quanto o próprio dia pras crianças de hoje em dia.Pois é...
Semana passada eu estava lá vendo um presépio que é montado pela Igreja, aquela Matriz que tem um sino nas cidades assim como a minha, e um "gordinho" de uns 4 anos gritou apontando " Olha tem vaca mãe"...Pensei: "caracas, vacas hoje em dia são tão raras quanto o próprio reconhecimento do menino Jesus, são como ets meio obesas saidas do além...".
Vivemos em um mundo esquisito!
Hoje em dia o povo vai fazer compras de Natal na 25 de março, segurando as bolsas pra não serem assaltadas. Mas as compras eram de Natal?!? Época de paz, e se repensar boas atitudes...parece que um dia, naquele tempo do tempo mais lento, já foi assim.
A rotação da Terra era calculada na mão, tipo metros por segundo, era algo como 1.674km/hr...hoje as máquinas não comemoram Natal e a Terra anda girando 200.000km /hra no mínimo, eu acho e sinto.
Uma vez em um Natal bem distante, acho que eu tinha o tamanho do "gordinho", ganhei uma tira enorme de balas coloridas pra colocar na árvore, a pessoa passou uma tarde grudando as pontinhas das antigas balas "soft".
Era um cordão mágico todo colorido, rodelas de açúcar pro Natal.
Hoje nem as balas existem pra isso. Nem a intenção da simplicidade do cordão.
A gente anda pela cidade e os bonecos de papai noel falam boa noite?!?
Vivemos em um mundo esquisito!
Eu este ano farei algo que faço todo ano,viverei o espírito de natal : Ajudando o papai noel a dar pequenas simplicidades pela cidade...vou vestir o pequeno "doende" que tenho em casa, e as oito da manhã o papai noel vem com sua roupa vermelha pra ganharmos muitos e muitos símbolos daquele natal que já existiu.
São "risinhos" tímidos, com pés descalços na poeira da estrada que pára pra escutar os sinos que balançam sobre uma pickup "Strada"...
Tempos modernos, onde os dias passam cada vez mais rápido e quando vemos é 25 de dezembro sem nenhuma formalidade!
Espírito de Natal deve estar mais pra dar um abraço no vizinho que nunca diz bom dia há cortar um frango enorme que custa "carão", enquanto tem gente passando fome...
hohoho!
Mesmo porque a galera em GAZA não comemora Natal, e continua guerreando pela terra "Santa" rsrs...pois é...
Vivemos em um mundo esquisito!
Feliz Natal?!?
Amne

18 de dezembro de 2009

Esperança


Nunca escrevi uma carta pro papai Noel.
Inclusive quando eu era muito pequena mudava muito de casa, e sempre tive a impressão que ele não me achava por isso.
Sempre olhei para ele com desdém , diferente das luzinhas que sempre me emocionaram.Muita espera , enquanto as luzinhas eram espalhadas por casas pela cidade toda, piscavam materializando magia.Eu era muito adulta quando era criança...minha visão das coisas sempre era rígida.
Meu filho diferente da mãe, sempre escreve cartinhas...enfeitadas...cheias de sonhos.Esta semana terminou a deste ano.
Trocou de roupa, penteou o cabelo e sorrindo disse:
Vamos encontrar o papai Noel mãe?
Andamos pela cidade ...a tarde caindo e as luzinhas se acendendo aos poucos...me emocionando, voltas e voltas com o carro...decidimos estacionar e andar pelo centro à pé. Cidade do interior tem destas coisas, presépio na praça...com grupos rezando pra história do menino Jesus.
Virando a esquina escutamos o sino... ele parou estarrecido e gritou :
deve ser ele mãe... deve ser ele .
Sininhos e um sorriso cheio de inocência...emocionante.
Lá estava ele acenando pros carros, cheios de bracinhos balançando...
O pequeno parou ao lado dele meio envergonhado...ele disse :
Hohoho, esta cartinha é pra mim?
Meu filho simplesmente o abraçou...me aproximei, com aquela dificuldade rígida de criança.
Ele percebeu e disse: A mamãe não trouxe sua carta?
Respondi : Nunca escrevi cartas para o papai Noel!
Ele me estendeu a mão, segurando as minhas e disse :
Pois devia! O papai Noel pode até levar um tempo, mas sempre realiza nossos sonhos!
Pela primeira vez dei um abraço no papai Noel, ele é um homem cheio de esperança!
É muito provável que a esperança use vermelho as vezes.
Amne

Não sei


Eu tenho pensado tanto na morte
Mas este silêncio não é morte.
Este silêncio todo,
que escapa entre meus dentes
é apenas para lhe dar bom dia.
Amne

16 de dezembro de 2009

Minhas gavetas internas e ponto final.


Final de ano é uma época engraçada, porque a gente querendo ou não acaba fazendo limpeza.
É aquela tentativazinha de começar o mês que vem de um outro jeito.
Bom, aí a doida aqui pegou um milhão de papéis, uns já meio amarelados.
Um milhão mesmo, porque só o que será jogado fora lotaria fácil um saco de 100L.
Nossa, a gente tem esta mania feia de guardar tanta bagunça, na esperança que um dia lá na frente a gente tenha alguma surpresa. E deu certo!
Surpresa que não se acaba nunca mais!
Encontrei o fio da meada da história da minha poesia, ao menos do ano que finda.
Um ano que fez de minha poesia uma contínua evolução, mesmo oscilante, fraca e ofegante.
Achei emoções dobradinhas, mas depois de sorrir e separar calmamente palavras, me deparei com três textos inacreditavelmente especiais pra mim.
Embora lidar com verdades acabe diminuindo o brilho da intenção de quem escreveu.
Não foi apenas a minha poesia que cresceu!
Ah se eu fosse "eu assim" há algum tempinho atrás..Porque hoje, o que era belo antes, ganhou sabor e curvaturas...equacionando mais e mais o meu sentir.
O engraçado é que nosso olhar muda, e muda quase que diariamente.Ainda bem que guardo papéis pra ler depois.
Pois é, muitas vezes, na maioria delas minha dispersão não permite que me recorde do fato de tê-los guardado.
São peculiares, cada qual a sua maneira, e a própria intenção tratada no momento da fabricação.
Quanta beleza delineada por sutilezas inclusas:

"Me ensina a encontrar minhas asas
a tê-las e vê-las e batê-las assim
como você faz com as suas"


Lembro-me disso, só não compreendia que voar é mesmo um dom.
Então muita coisa se perde no caminho, pros papéis, menos a emoção de quem os lê.
E a lágrima que teima em acalentar a leitura.

"Quanta dor a gente agüenta antes de desistir de viver?"

A gente desiste de viver por não conseguir sentir nada, nem ao menos nortear o próprio sentimento.
Na realidade temos uma dificuldadezinha com dores, aí na maioria das vezes a gente desiste até de sonhar.
Não deveríamos nos permitir a derrota, mas ainda temos a desculpa de sermos humanos,fracos e ralos.
Certa vez li que "tristeza" é uma forma de egoísmo!

"Tocando a alma, tirando a poeira de tempos ruins"


...poucas vezes me deparei com minha própria alma tão trêmula assim, ainda bem que existem folhas palpáveis quando se têm sonhos oníricos.
Eu e alguns papéis...que estranhamente voltam do além.
E olham firmes pra mim, mostrando que não se apaga passado nem futuro.
Desenhando em palavras minha própria história.
Saudade entre o hoje e os amanhãs.
Delicadezas diárias que perdemos quando guardamos papéis amarelados,
e esquecemos das gavetas cheias de vida : a nossa...
QUE PASSOU!
FIM.
E é depois do Fim que vem o PONTO FINAL.

Amne

15 de dezembro de 2009

Perturbação da paz



Sou uma poeta
que tem problemas sérios com a poesia.
A poesia é corrupta na medida que corrompe.
As vezes eu acho que ela me transtorna.
Amne




Imagem: Ana Cañas

"Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente...
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre
Sempre acaba..."
Renato Russo

A galinha do vizinho


Somos seres ambíguos, capazes de odiar até o amor.
A gente nunca sabe dar certezas nem pra gente.Isto sim é uma verdade cheia de certeza!
Nada é mesmo tão normal na vida da gente frente a grama, e a galinha do vizinho.Lá a galinha é mais gordinha, e a grama sempre tão verde...
Mas, e nós? Como adubar a nossa grama? Tentamos engordar a nossa galinha? Imagina...Jamais o fazemos.É muito mais fácil sonhar com a “coisa” toda do vizinho.
A gente se prende na teia de nossas fantasias ilusórias, aquelas projetadas no terreno do lado de fora, longe do mundo tão nosso que criamos todo dia. Ignoramos o fato que a realidade também mora ao lado...na frente, ou do outro lado da tela do computador.
Criando situações, pessoas e galinhas narcotizamos e diminuímos nossas próprias escolhas...nos entregando ao nada que recebemos por isso.
Porque a resposta pras fantasias sempre vem em forma de vento...
Nada de amor, nada de felicidade, nada de laços...nem mesmo nos sapatos. (A era contemporânea dos velcros, me dá um baita saudosismo das orelhinhas dos ratinhos, que era como a gente aprendia a amarrar os sapatos).
A sabedoria popular está perdendo muito pra nova vida fabricada em alta escala.A sabedoria “cuide do que é teu,senão alguém leva”...pois é...a gente nem sabe mesmo mais o que de fato é nosso, foi, era...a galinha do vizinho é mais gorda? Certamente ...gorda! Mas é puro drive thru de uma ciscadeira triste...
Sinceramente acho que o meu vizinho também sofre entupindo a grama de merda na expectativa que ela cresça, e fique mais verde também...igual a minha? Nem grama eu tenho.
Puxa que pena de nós!
É tão fácil se enganar, se iludir , com expectativas “totalitariamente” individuais.
É tão pequeno o pensamento do “dar valor depois”...em contrapartida, o valor se não foi dado existiu de fato um motivo, nosso ou não.Vai saber.
O fato é que buscamos o inatingível, e o atingível perde espaço, míngua e morre.
E então a gente pára sem saber porque estamos tão tristes, e buscamos mais gramas com galinhas gordas, mesmo que de fato saibamos que são alimentadas com merda e drive thru, e provavelmente nem existam fora da imaginação da gente!
Que pena que não exista em minha casa um cimento verde.
Quem sabe em algum quintal que eu achar?
Dizem que verde é esperança.
Esperança de que uma hora saibamos lidar com nossas galinhas, e cuidar da nossa grama com carinho...antes de sonhar com as frustrações dos vizinhos e seus jardins de plástico.
Benditas aquelas frases “ De perto ninguém é normal”, e “Só podemos avaliar alguém quando dividimos com ela ao menos um quilo de sal”...
Dividir açúcar é fácil, colorir galinhas gordas também...
O que proponho é “ Alimente sua galinha com sal”, se ela sobreviver ...bom, será mesmo real e um tanto forte!
Mas deixo advertido que galinhas assim são raras, e só nos damos conta disso no final.Que é quando nos deparamos com a realidade, que nunca dá as mãos pra fantasia, e dói...embora seja mesmo tudo que possuímos!
Amne

12 de dezembro de 2009


Descobri que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases,
mas a doença delas.
Manoel de Barros

Marcas, pontos, cicatrizes e lembranças


Lembranças...
Sem crises
Sem dias
Sem horas
Sem culpas
Sem provas
Sem pedir nada em troca.
Pra sempre apenas e somente...
nos oceanos dos dias que não passam.
Amne

9 de dezembro de 2009

L'amour


Como sempre muita coisa acontecendo, "viver é mesmo uma arte"!
Sábio o criador da frase.
Como todos sabem , eu e minhas poesias tivemos uma rusga...parece que tomei um “porre” de mim.
Tenho tentado incansavelmente escrever as tais poesias dolorosas,mas vamos esperar o tempo, e lidar com tudo com mais sabedoria...não é?
Os dias andam seguindo com um gosto estranho de palha...nunca escutei tanta música francesa, uma música que tem uma elegância meio irritante, quase petulante, em geral mais me incomoda do que qualquer coisa.
Sigo dançando minhas marionetes pintadas... tenho sonhado teatros de bonecos de pano.
Ganhei um livro muito interessante sobre mulheres e suas condutas, é muito engraçado ver os tais estudiosos estabelecerem padrões pra nós “Humanas”...na realidade é hilário.Agora pense comigo a capacidade feminina à instabilidade...multiplique por milhões, e então observe valores, culturas e padrões variantes pra cada país...Hilário! Tentam massificar a própria raça...como se eu e a Rose (sabe? É a minha vizinha...) tivéssemos a mesma história e os mesmos desejos...
Também tenho escutado bossa nova...nosso jazz preguiçoso e denso. Tenho apreciado sucos diversos e ventos frios nas tardes...
Pouco tenho recordado que um dia já possui até um coração.
Lembrei daquele verso:

"E você, meu amigo galvanizado, você quer um coração?
Você não sabe o quão sortudo és por não ter um.
Corações nunca serão práticos,
enquanto não forem feitos para não se partirem..."


E depois dizem que desenhos e filmes infantis não são altamente instrutivos...o são, e como! O ano já está findando, e ainda não aprimorei meus dotes musicais, talvez 2010? Ainda preciso do violão...
Aprimorei-me este ano em coisas menores , crio quase todos os dias mundos bem pequenininhos...impenetráveis e protegidos...calmos e silenciosos...Mundinhos meus, bem delicados!
Também percebi que aquela frase também é genial “ O futuro é incerto”... pura verdade, e é assim sempre.
A gente fica planejando as coisas de acordo com aquilo que fantasiamos, e no fim nem 10% acontece, quem dirá da maneira desejada...aí já seria um milagre.
Errar dói muito, mas faz bem, abre os olhos da gente!
Continuo fabricando coisas...até aquelas que eu nem sei nada sobre elas :são sabonetes, artesanatos, chás, mantas, enfeites, colagens em fotografias...ocupando os espaços tão vazios. Na tentativa dos tais mundinhos...
Tenho também falado cada vez mais baixo e menos... Evolução? Sei lá...cansaço talvez.
To confundindo minha alma...lendo...lendo e lendo.Demoro pra absorver as coisas, mastigo e diluo bastante pro tempo passar.
Minhas ambições parecem tão menores, talvez por isso tenha cortado meus cabelos...ando querendo menos peso e mais plumas ...leves... pra voltar a voar com asas imaginárias, e risadas bobas vindas dos tais ...os amigos, que com ou sem meus cabelos rirão das bobagens no café, aquele dos sábados à tarde.
Coisas esquisitas acontecem enquanto a gente dorme... o mundo gira pacientemente.
Dá uma idéia que estamos perdendo algo.
Comprei um livro pro meu filho " Cada família é de um jeito", fala das famílias contemporâneas e suas inúmeras combinações...e mais uma vez ele, e sua vasta sabedoria, soltou :
" É mãe...tem muitos tipos de famílias, existem até famílias de ETs, todas verdes".
Não adianta a gente perde enquanto pisca, enquanto dorme. Já as crianças compreendem e assimilam enquanto respiram!
Queria voltar a estudar a língua italiana que deixei...e o curso de cinema também...
2010? Hum...talvez eu cante em 2010... “O futuro é incerto”.
Talvez eu morra em 2010!
Talvez eu viva em 2010...quem sabe?
Talvez melhore minha gramática...
Talvez eu raspe de vez os cabelos...
Talvez eu faça uma viagem pra Guiné...
Talvez nunca mais exploda um bolo...
Talvez eu nunca mais tenha um ano tão triste e solitário...
Talvez...
Porque como sabemos “ O futuro é incerto”...
Amne
TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?

Ferreira Gullar

7 de dezembro de 2009





Pouca sinceridade é uma coisa perigosa,
e muita sinceridade é absolutamente fatal.
(Oscar Wilde)

6 de dezembro de 2009

Nota do dia

Não existe solidão maior
do que se encontrar entre as amarras
de pessoas que não lhe amam...
A falta de amor constrói muros de chumbo,
derrama olhares de ácido
e nunca lhe faz companhia.
Por mais que isto,
lhe doa...
Por mais que você realmente precise...
Nada pode ser mudado!
Nem mesmo a inabalável capacidade de absorver tristezas...
Toda punição do mundo me pertence.
Toda a solidão do mundo mora em mim.
Hoje, tentando escrever...
Alegrias? Nunca as vi, nem as conheço!
Sempre lerão tristezas, que moram na companhia da minha
solidão.
Amne

4 de dezembro de 2009



"Morrer é apenas não ser visto.
Morrer é a curva da estrada."
(Fernando Pessoa)

3 de dezembro de 2009




Quero conhecer os pensamentos de Deus...
O resto é detalhe (Albert Einstein)

Se escondendo do mundo


A ESTRELA

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
Manuel Bandeira

29 de novembro de 2009





Vocês riem de mim
por eu ser diferente,
e eu rio de vocês
por serem todos iguais
(Bob Marley)

27 de novembro de 2009

Assim...


EU
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca - 1915

É!





Viver é a coisa mais rara do mundo.A maioria das pessoas apenas existe.
(Oscar Wilde)




A emoção acabou...
Cazuza

25 de novembro de 2009

O preço que pago

"Sou composta por urgências:
minhas alegrias são intensas;
minhas tristezas, absolutas.
Me entupo de ausências, me esvazio de excessos.
Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos."
Clarice Lispector

24 de novembro de 2009

Acabou a história


Nada do que eu escreva
conseguirá expressar devidamente tudo o que sinto.
Então vou validar os autores,
assim ninguém se machuca!
Nem eu, nem meu peito em constante contradição.
A fonte secou...o peito morreu e a mão já cansou.
Pras minhas palavras, o último suspiro de adeus...
Sinto enfim que a normalidade me toma,
parei enfim de sentir.
Então não preciso mais escrever.
Se depender de mim acabou minha escrita pobre.
O dia que minhas palavras valerem à pena, volto e me entendo com elas.
Deixemos tudo nas mãos de profissionais!
Boa leitura das coisas alheias.

Amne

"Minha alma se cansou da minha vida" Fernando Pessoa

Códigos


" Se tu vens por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais me sentirei feliz. Ás quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens por exemplo a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...
É preciso criar rituais."


O Pequeno Príncipe

23 de novembro de 2009

Segredos são segredos...


Uma caixa verde pistache com corações coloridos onde eu guardo todos os meus segredos.
Emoções, reencontros, mágoas, esperanças, felicidades, ingressos de cinema e pápeis de bala. Tudo escondido dentro de uma caixa simples, no fundo do armário, longe de qualquer olhar vil ou opinião não solicitada.
Finalmente eu aprendi que em boca fechada não entra mosquito, e nem sai cobra. Já morri muitas vezes pela boca, e abri caminho para que entrassem demais num mundo que é só meu e que ninguém entende, que ninguém nunca vai entender. Se abrir demais é dar direito a outra pessoa de conhecer teus truques e armas, ler teus pensamentos e parar de te respeitar, por achar que te conhece muito bem.
Segredos são de você pra você mesmo, e cada vez que você conta pra alguém, são palavras que não tem destino incerto, que vão cair como sementes muito férteis em solo duvidoso, que poderão germinar da maneira mais torpe possível, diferente de tudo que realmente seja.Enquanto isso, a minha caixa está lá guardada, com todos os meus segredos que, às vezes, eu não conto nem pra mim...

Mário Quintana

A sobra

"Já não tenho dedos pra contar
De quantos barrancos despenquei
E quantas pedras me atiraram
E quantas atirei
Tanta farpa, tanta mentira
Tanta falta do que dizer
Nem sempre é so easy se viver
Hoje não consigo mais me lembrar
De quantas janelas me atirei
E quanto rastro de incompreensão
Eu já deixei
Tantos bons, quantos maus motivos
Tantas vezes desilusão
Quase nunca a vida é um balão ..."
Lulu Santos

22 de novembro de 2009





Eu não sou tão triste assim,
é que hoje eu estou cansada.
(Clarice Lispector)

Apenas Mais Uma De Amor


Composição: Lulu Santos / Nelson Motta

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho tão bonito isso
De ser abstrato baby
A beleza é mesmo tão fugaz

É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
E eu vou sobreviver...
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

21 de novembro de 2009

( zero hora )

Tô muito muito triste...
Eu tenho medo do telefone.Sempre tive...
Hoje o telefone tocou ao lado, e dentro da minha cabeça enquanto eu dormia.
Hoje faleceu alguém importante pra mim, e que eu sequer tive a chance de conhecer direito...
Apagando parte do que era, ou do que eu deveria ser pra sempre.
Estranhamente dói, minha falta de lembranças de natal.
E lá vai ele morar com Deus,
sem segurar em minhas mãos de criança nem uma vez...
O mais esquisito é que eu iria vê-lo amanhã
...mas não deu tempo.
Só me resta chorar à morte...que é fria em cada detalhe!
Me impossibitando de dizer tchau.
Solidão é perder até quem não é teu...e dói tanto.
Todas as perdas do mundo.
Parece que nos encontramos tarde demais, eu sinto por nós!
Amanhã eu ia te contar que estou quase terminando o curso novo.
Amanhã eu ia te contar que o pequeno se forma dia dezessete no pré, e ele vai usar beca pequenininha...
Amanhã eu ia te contar sobre meus planos pro ano que vem.
Tchau vô.

Amne

Raio X


"São Paulo ..."
Agora são 20:17, de 21 de novembro de 2009, acabo de chegar ...
Eu em minhas andanças e observações do cotidiano.
São Paulo, um mundo em cada esquina.
Hoje eu e a chuva mais uma vez...
E aconteceu tanta coisa, coisas que quase ninguém viu.
Trânsito, eu na poltrona dentro do ônibus na marginal, eu lia a National Geografic que este mês fala das múmias de animais dos faraós, parecia ser bom ser bicho lá...gato então...Mas deixa eu chegar ao ponto.
O ponto era um viaduto que me olhava enquanto eu olhava pra ele...ali, parada no trânsito, trânsito de São Paulo...
Na parte interna, quase no escuro da escuridão da parede do viaduto, eu li
“ O mundo sobrevive por um fio”.
Eu mastiguei meu riso, o senhor ao meu lado correspondeu meu sorriso meio confuso. Mas pasmem, ele compreendeu e soltou : “O mundo está tão diferente, quando eu era criança, a gente danava de esperar a hora do lanche na escola...tinha arroz doce.”
E o papo rolou solto em pequenitudes, com aquele senhor que tinha nas mãos tão simples e cansadas, sabedorias organizadas pra me contar...
Nos despedimos na loucura da estação e suas variantes...
Entrei no metrô, fone no ouvido alto...jeans, camiseta Hering e meu bom e velho tênis. Na próxima estação entrou uma senhora com três pequeninas meninas lindas, cor de carvão, a mãe anunciava com métrica toda sua peregrinação por um pão, em seu discurso ensaiado não via a humilhação nos olhos das próprias filhas.
Sai na escada que emerge pra Secretária do Estado da Educação, com sua pompa e arquitetura esfuziante, na praça da república ( que pra quem não sabe, é no centro da cidade de São Paulo). Já na cabeceira da escada rolante, um pequenino menino( alto pra sua pequenitude vinda de uns 8 anos), segurava nos ombros uma caixa de isopor.
Menino lindo, com olhos grandes e pés em sandálias herdadas...
Não me contive, e sorri.
Ele retribuiu o riso, disse: “ Quer comprar coca-cola tia?”
...respondi com lágrimas no coração : “ coca eu não quero...que você vende aí?”, ele disse tantas palavras, que pra mim, aquele menino poderia facilmente com sua eloqüência, ser marqueteiro do governo.
Eu meio atordoada pela situação do pequeno disse: “Queria uma balinha...não tem?”
Surpreendentemente ele colocou a caixa no vão das pernas no chão, deixou sua profissão por cerca de 3 ou 4 segundos...colocou a mãozinha no bolso, retirando duas balas e um chiclete, e disse:
“ Eu ganhei ...quer um? ”
São Paulo.
Ganhei bala de um ser que tinha tanto pra ofertar...se as pessoas soubessem...
Dia cansativo, cidade da chuva e da dificuldade de se comprar um enrolado com um pingado pra almoçar...
Muito cansada do dia, voltei pelo mesmo caminho.
Vi uma mãe batendo em uma menininha, que se debatia no chão por qualquer motivo normal de criança.
Vi um casal apaixonado parando na chuva pra se beijar.
Tanta coisa...
No ônibus, eu e meu fone...presos na Cruzeiro do Sul.
Como não podia ser diferente eu comecei a contar as gotículas que batiam no vidro, dispersa e alienada com minhas lembranças.Olhei pra fora, o homem sujo deitado no chão debaixo da marquise, roupa rasgada e cabelo ermitão ...lia Dom Casmurro.
São Paulo!
Emocionante...
Amne


Imagem : Boca de lobo em São Paulo

20 de novembro de 2009

Eu acho...


Bora dançar um coco?
Pular numa fogueira...
Falar de coisas pequenas...
Fazer um bolero no escuro...
Jogar dados...
Não conte pra ninguém...
Mas não creio em discursos longos!
Contradição minha...Particular.
Como a minha poesia é ruim
Vou dançar descalça,
e fazer músicas com rimas cheias de caretas.
Andarei com um manto de retalhos coloridos
Puxando pelas mãos minha alma...
Porque sou tão pouco, talvez
O resto de alguma coisa que ainda nem sei.
Agradeço aos devotos
Acho que minhas certezas estão confusas
E meus pés nunca estiveram tão cansados.
Deve ser porque comprei um bloco em branco...novinho.
Eu e o breu,
Querendo saber quem ocupa mais espaço
Cada um faz exatamente o que consegue...permite...almeja...
Acho, divago, e proponho nunca mais.

Amne

foto:Djalma Pinheiro.
O desenhista da praça

Defeito



Poesia dói.

Amne

Frase do dia:


Agonizar a toda a hora sob a pena da morte,
em vez de morrer de um só golpe.
(William Shakespeare)

19 de novembro de 2009

Paz


Hoje amanheci em paz.
Comigo e com Deus, que é um tanto satírico, como se eu fosse forjada todo dia um pouco. As vezes ele faz as coisas pra que saibamos nossa posição aqui embaixo.
Ontem me feriram tão forte, e muito muito fundo...Me permiti a ferida.
Mas me amaram tanto ontem também...coisas do tal anjo, que dizem cuidar das minhas paredes mancas.
O mundo é muito maior, e existem pessoas plenas. Inacreditável...mas existe sim!
Todo ano me permito escolher um dia pra extravasar fantasmas, e outro pra avaliar a situação. Parece bobo, mas conheço gente velha que passou por aqui sem fazer isto nem ao menos uma vez.
Hoje sou um ano e mais um dia... melhor!
Melhor do que fui ontem...anteontem, e no último domingo...
O que extravasei está paralelo com toda a avaliação... poucos entenderiam.
Ontem ganhei uma carta, destas que a gente hoje não escreve mais...de próprio punho, papel de verdade e com verdade...daquelas que a gente nem conhece mais, e quando encontra nem acredita...sabe?Pois é...
Eu ando tentando organizar o mundo...o meu! E de alguma forma percebi que meu caminho não é de todo errado ou incerto, imagina, ele é como eu...oscilante e em geral bem florido...
Não quero mais sentir dor assim...nem quero exorcizar meu sentir, como fizeram banalizando e diminuindo o que sou, sinto...proponho. Eu nunca vou ter certeza de nada, fico apenas errando pra ver se uma hora acerto.Sou pequena no tamanho, e frágil demais pra não me proteger assim.
Hoje ...um dia exato depois de ontem, compreendi enfim que o mundo dentro do meu peito não é pequeno, nem de mentirinha...tem muita gente que acredita nele, e me mostra que esta sou eu.
Preciso voltar a escrever cartas, e pegar a fila do correio com picolé na mão...
Preciso voltar a revelar fotos...faz tempo que deixei que as pequeninas coisas que me acalmam fossem guardadas em minha memória!
Eu e minhas sutilezas infantis... no caminhar e digerir uma vida, que pasmem: Ainda nem começou!
Me aguardem.
Beijos
Amne

18 de novembro de 2009

Falemos de Hipocrisia?

A onda de alegria que povoa pessoas
é no mínimo cega...
Tenho pena dela
ainda bem que sou surda!
Amne

Que fique muito Claro


"Não escreverei nada mais tão belo
Assim ninguém se engana
quanto ao pouco que me forma
Já que sou um amontoado de arranhões...
Que fique muito claro, cuidado,
não valho escolhas, e
isto aqui é literatura da pior espécie..."
Amne

Tormenta

Queria cortar os pulsos
Acabei cortando pessoas
Queria ser menos deste mar revolto e só
Atormentada com tanta vontade e transmutações tristes
Da inquietude presa no sótão
Da ira presa nos olhos
Da intensidade que sou capaz...
Tenho tanto medo de não caber mais em mim.
Amne

Dom?


Não existe cura
porque minha dádiva
O meu consertar palavras
é a maior arma que possuo.

Amne

Overdose


Eu e meu monte de lixo amontoado,
Pela casa, pela vida... dentro de mim.
Sempre andando ao contrário.
Sendo o oposto da aposta.
Com gente me ensinando vida à ponta pés...
Vivendo a prática das Ilusões!
Amne

Silêncio


Eu gostava de coisas que ninguém via
Era um tal de suspirar tristezas
Talvez por isso ninguém me amou
Dor danada que me dói de doer...

Não sei ser mais do que sou...
sinto enfim a pena que faltava ...pra elevar minha vida
Ao ápice de ser a derrota de meus próprios sonhos!

Na realidade eu andava devagar com medo de minha própria sombra
Nunca quis ser grande,
mas sempre quis voar...
mesmo quando o mundo suspirava que não devia...
Nunca achei que merecesse nada, talvez por isso nada ganhei...

Antes eu dizia poder abraçar sombras,
mesmo as da escuridão...hoje eu sei que posso.
Convidei-as todas pra dançarem comigo, agora.
Sabia só daquilo que sentia
Mas nada sabia dos demais
O mundo é perigoso pra passos solitários,
e estas palavras que não se acabam no meu peito...
Maldição transmutar as entranhas em leituras agradáveis,
Que pra mim não passam de sentimentos nada honrosos
que trago do dia em que meu peito parou...
misturadas aos meus gritos de dor, e a beleza do silêncio do vencedor!

Nunca irei me perdoar.
Faltou amar a mim mesma...
Meus defeitos incomensuráveis
Minhas falhas tão prováveis
Minha falta com meus limites.
Minha fraqueza de não gritar antes que me enfiassem punhais pela goela abaixo

Falta de dar dó...
Falta de compreensão...
União...falta...
De dormir em paz.
De querer demais...a falta que me faz ser outra pessoa, no dia que nasci ...assim tão imperfeita pra este maldito mundo.
Triste aniversário hoje pra mim...tim tim...
Um dia as máscaras ...
Amne

16 de novembro de 2009

Só sendo eu

Falaram que sinto muito
Eu sinto mesmo
Por vocês que nada sentem.

Aprendi fazer poesia, que dói, que rói, que inflama e cura
Que é muito maior que a própria perplexidade de quem me lê.
Nua.
Crua.
por acaso...
Mas, que ainda sente.

Eu sinto muito.
Eu tive ontem uma idéia...
criar um mundo novo,
cheio de gente com recheio, e com olhos mais atentos.
Agora, que tal irmos pro inferno?
Amne

Nossas Máscaras


Uma modificação interna
Em um dia qualquer
O infinito dentro do meu peito
Como se isto fosse normal

A expansão de meus sentidos
A retração de meus pecados
E sobre amanhãs quem é que pode dizer?

Passo a passo rumo ao tudo
Que se confunde com o meu nada
E sobre o que fui quem é que pode dizer?
Minhas improfundidades improváveis
Nos vagões perdidos entre as vontades que me deixaram triste no último verão...

Sobre a ressurreição quem é que pode afirmar?
Vivo o amanhã, resgatando os dias que já fizeram parte de alguma lembrança minha...
Anseio os dias que virão e suas páginas brancas
Como quem descobre a vida pela primeira vez.
E sobre a vida quem é que pode dizer?
A tragédia está no saber das coisas, e a comédia no surpreender-se ainda!
Amne

13 de novembro de 2009

Eu juro pra sempre


Fabricando sorvetes em uma tarde dessas:

O que você quer senhora? ( ele me perguntou com um bloquinho para anotar o pedido, seus olhos redondinhos e negros observavam cada tentativa minha de racionalizar o mínimo gesto dele...)
Oi vendedor de sorvetes, qual sabor você teria?
Ele pensou, pensou olhando distraído para a caneta, e me olhou muito sério respondendo:
Bom senhora, temos qualquer sabor que a senhora conseguir imaginar.Temos de sapo, de estrela do mar e também de balde... qualquer sabor que conseguir imaginar.
Nossa...(hesitei por instantes) parece mesmo muito bom, nem sei qual escolher, qual você me sugere? Respondi.
Eu gosto do de vento...Mas, ele é difícil de vender pra senhora, porque é difícil de pegar o vento.Disse o menino, olhando para a janela como quem suspirasse a vida.
Posso te dar um conselho vendedor? Quando fizer uma ventania lá fora, leve muitas vasilhas com tampas pra capturar e armazenar o vento. E assim você poderá fabricar milhões de sorvetes...
E ventou o vento.
Aqui está senhora, consegui pegar o sorvete que queria. (ele satisfeito se aproximou com um cone plástico, e a mãozinha tampando a boca do objeto com força, pro vento não escapar...)
Oba, nunca comi deste sabor, obrigada!Nem sei como lhe agradecer, vou comer rápido pro vento não ventar, né?
Mãe, não é obrigada...você tem que me pagar...(esbravejou sacudindo as mãos com ares de inconformidade de quem fita um pecado...daqueles mortais...)
Como assim? Este sorvete é muito caro , onde iremos parar...Você quer cobrar até o vento???Achei que fosse um presente, já que vento é infinito...abundante...
É que dá trabalho para pegar o vento , né mamãe?
Ok, mas pensando bem, acho que na próxima quero uma bola de sorvete de balde, pensei que talvez eu queira desfrutar um de nuvem...pode ser?
Mãe...eu juro pra sempre, que o de vento é bem melhor!

Antonio Pergola Netto - 6 anos

Fantasia


Do meu caos profundo
Meus monstros mais inquietos
E toda minha ebulição diária
A avalanche de um único olhar

Sou a variável do vento
A luz da vela trêmula na escuridão
Minha suavidade tão minha
Meu compasso no descompasso dos meus passos
Um calo que dói nos cegos
A ânsia que bate nas faces
Implacável mar de sensações

Propondo a revolta dos mares
Sigo.
Seguindo caminhos marcados
Achando minha própria calmaria,
Minhas verdades
Tão minhas e de mais ninguém!
Amne

12 de novembro de 2009

Histórias que contam


Fui subtraída
Enfim se vivia o grande amor
O que sabe desta vida?
Senão desiludida
Deixei os sonhos
Os véus e as flores
Enfim se vivia o grande amor
Onde tudo que eu guardei foi fé
Substitui coração por pedra
Súbita alegria fria

O que vem depois ninguém sabe
Até o pranto se calou
O tempo tanto entristeceu
Que hoje sorri no meu canto
Há de possuir tanta coisa no restante

Componho paixão pela loucura
E ternura que distribuo ao sorrir
Esta minha infinita capacidade de mover as nuvens inertes me olhando
O restante deve ser eu,deve ter eu...pormenores tão meus
Vagando num súbito e contemporâneo dia

Tão desnecessária sempre fui
Enfim se vivia o grande amor
Nos amanhãs de toda a história que passou calada em minha memória
E em obra...em versos ...em prosa...
Nos sonhos do ficar acordada
E nas fantasias mansas
De um domingo aí na frente.
Enfim o que se guarda de um amor?
Senão amor...senão amor...

Poesia a gente só compreende
Quando sente .
Um poema duro nada vale para quem não toma as palavras pra si...
Enfim se vivia o amor.
Que é feito de um,
mais umas asas e uma flor.

Amne

9 de novembro de 2009

Se eu fosse gente

Então eu fico aqui
Meio feliz, meio boba
Meio com cara de gente
Um coração de criança
e uma vontade eterna de voar
Juntando as partes
Pra bordar colchas
...no meu remendar palavras
tem tempo que deixei de precisar das coisas
Se eu fosse gente
buscaria até um coração.

Amne

8 de novembro de 2009

A fonte que seca


Quando um verbo se cansa do corpo
Se ajeita sozinho em uma imagem qualquer
Nunca deixa de se colocar
Mesmo no silêncio
Do silenciar...

Dizendo coisa nenhuma
Contextualizo o que sou.
Hoje denotando todo o cansaço
a meu respeito...

Minhas palavras incomodam-me
materializando tudo o que sinto...
Hoje mostrando a seca que brota em minha mão.
Até o último grão, que já foi lágrima...
Amne

Imagem : Portinari - 1944 : Criança Morta

5 de novembro de 2009

Talvez um dia...talvez amanhã...talvez nunca mais!


O dia que eu enxergar paz nos olhos dos homens
Saberei que algo aconteceu
Quando não mais se banalizar o amor assim
Saberei que algo aconteceu
Quando as guerras forem apenas de travesseiros
Saberei que algo aconteceu
Quando a fome parar de doer
Saberei que algo aconteceu
Quando a falta de humanidade entre os seres extinguir os poluentes desta terra
Saberei que algo aconteceu
Quando as palavras “Amanhã é um novo dia” fizerem algum sentido
Saberei que algo aconteceu
Quando a moeda sorriso valer mais
Saberei que algo aconteceu
Quando se confiar em alguém valer à pena
Saberei que algo aconteceu
Quando a cor de alguém acrescentar como deveria ser
Saberei que algo aconteceu
Quando as mães não jogarem mais seus filhos fora
Saberei que algo aconteceu
Quando um abraço for verdadeiro
Saberei que algo aconteceu
Quando as pessoas viverem o mundo que sonharem
Saberei que algo aconteceu
Quando a imaginação permear o concreto no peito dos fortes
Saberei que algo aconteceu
Quando a chuva molhar almas e não furar carros
Saberei que algo aconteceu
Quando pararem enfim de me retalhar,
duvidando e escondendo as partes do que sou e sinto
Saberei que algo aconteceu
Até lá estarei trancada no meu mundo, onde acontecem coisas,
e é proibida à entrada.
Amne

4 de novembro de 2009

Falhas aleatórias


Nem toda história que finda
Tem felicidade no meio
Mas a beleza de seus acontecimentos continuam imutáveis
Fato paradoxal
No fundo a vida são círculos onde supomos fim
Jogamos lixo no chão de nosso peito
Apagamos olhares
Findamos com tudo de belo que nos é dado.
Piedade nem por nós mesmos...
Que tipo de gente vive saboreando riscos tênues com a derrota?
Não dá pra passar a vida consertando rachaduras.
Acreditar acaba perdendo o sentido do que deveras sentimos.
As regras estão entre Demônios e Deuses ...ambos descalços.
Como sobreviver as próprias escolhas?
Quando dói...
Amne