29 de março de 2010

Atrasada


Enquanto cresço pra fora
A parte de dentro chora
Pensei em morrer hoje...
Mas hoje, tenho tanto à fazer

Das punições secretas
Os sonhos perdidos.

Dei para escrever sobre o tempo
Dei para caminhar parada
Fico eu aqui
Transmutando a falta do sentir

Queria eu viver o vão momento das tardes
alaranjadas com rosa...
Queria eu dar a volta ao mundo.

Enquanto respiro, sigo mais uma vez
Porque vim duma casa pequena
com vontades profundas
Gritei.
Fiz planos...

Doente, com sede de vida
Preparo descalça meus amanhãs.

Amne

26 de março de 2010

Não tinha, nem lembro, sei lá


Outro dia
num dia desses...
fiz um texto.

Meio vazio
Meio pouco
Meio incoerente

Com restos de gramática
que alguém jogou fora

eu danada e moleca
tomei pra mim...

Não tinha nada
nem pé nem cabeça!
Era só coração.
Amne

Átomo Vazio


Que pessoinha
Tosca
Pobre
Inha...
Sem sonhos
Sem metas
Sem realização alguma
Passa pela vida passa
Pequeno
Incipiente
Invólucro ausente de nada
Pra nada
A farsa do fracasso
O fracasso propriamente dito e Palpável!
Que coizinha
Mais sem chão
Mais sem céu
Estruturinha
Menor que um átomo vazio...
Ai...falta a distância
...que pena oh Deus!
Apenas uma
Poeira num sapato velho...
Amne

23 de março de 2010

Menina mulher ou mulher menina?


Só uma menina que eu conheço...

Eu conheço uma menina
Que de tão doce andou fazendo doçuras
Que tão pequena andou sendo grande
Que agora acha que merece.

Que de tão triste fabricou lágrimas que se transformaram em chuva
Que não tem certeza de nada
Que tem medo de quase tudo!
(inclusive dos pormenores)

Que adora achar desenhos nas nuvens
Sem mencionar os doces de maracujá
E brigadeiro de panela , com o
Cheiro de canela ...
daquele bolinho que o menino tanto almeja quando chove.

Que agora faz borboletas dançarem em estômagos por aí
E nem toca mais no chão quando anda
Que adora caixinhas para poder guardar sonhos
Que ama o lápis número dois da Faber
Que acorda de mal humor ( mas ele vira sorriso em seguida)
Que adora delicadezas e carinhos
Que é rabugenta e sistemática, porque o caderno tem um padrão!
Que gosta de gente estranha
E tardes ensolaradas
(sem falar do vento...ah o vento...)

Que canta sem saber a letra
Que dança mesmo caindo às vezes
Que adora hora certa e local combinado
Que prefere não crescer por medo da dor

Que não aprendeu como ser “gente normal”
Que adora pintar os olhos e as unhas do pé
Que lê Quintana como parte da família
Que ri sem ter motivo
(Ficando vermelha depois...claro)

Que adora joaninha
E morder pés que ainda não cresceram
Que não gosta de quiabo
Nem de bananada...
Que se preocupa com o futuro
( do planeta também ...sem falar nos seres)

Que não se parece com nada, e provavelmente nem se parece com ninguém
E tem medo do “monstro” barata e suas antenas
Que procura tatu bola
E gosta de sorvete de limão
Que briga em palanques
(Mesmo sem saber a motivação, com seu ímpeto desenfreado e sede sabe lá Deus do quê...)

Que se indigna com pouco
E não tolera injustiças!
Que se esquece de tudo...com aquela suavidade de quem dorme e acorda tarde.

Mas carrega pessoas no bolso
Que odeia a louça na pia, mas adora brinquedo no chão
Que não sabe passar roupa
Que explode bolos,
Mas faz um “menino” como ninguém.

Que se perde dentro dela toda hora
Que tem problemas com nomes e datas
( sem falar nos botões)
Que adora desenho animado
E ri muito cada vez que o “pica pau” sobe no “pé de pano”
Que é criança por opção, menina por dedicação e mulher por pura necessidade
Que não sabe onde é o norte
Mas anda se equilibrando no meio fio

Que odeia tanto...
E que as vezes ama também, mesmo entre as raridades de quem nada vê

Eu conheço uma menina que se "pinica" até nas pétalas das flores
E que é capaz de furar pessoas com um único olhar
Que não gosta do errado!
Que gosta de cheiro bom
E de toque macio.
Que cresceu para dentro e coleciona amigos.
Neles se enxerga como parte integrante.

Que confia muito pouco
E mesmo assim se entrega em tudo
Como a entrega dos “mortos”

Que roeu unhas por ansiedade
E pintou a boca por vaidade

Eu conheço uma menina que
também pode ser personagem de filme
Aquele de lata, porque nesta menina às vezes mora o vazio
( mesmo um vazio tão cheio)

Eu conheço uma menina ...
que quase não cabe mais dentro dela,
Que dobra a alma todo dia para que caiba no corpo!
( e pretende aprender à voar...)

Uma menina feita de sonhos, fracassos, conquistas
Feita de nuvem e de chão.
Feita de ar.
Feita de ilusão.

Uma menina com a força de uma pluma
e a vontade de um trovão.
apenas uma menina que eu conheço...e reconheço no espelho pela manhã...
pra quem eu digo Bom Dia,
e garanto que no final vai dar tudo certo!

Porque ela é só uma menina
que fala preguiçoso logo cedo bem cedinho,
e canta leve pros anjos dormirem...
Amne

Tristisse


" E chove sem saber por quê...
E tudo foi sempre assim!"
Mario Quintana

17 de março de 2010


Sou cego de tanta luz
passarinho do teu vento
prisioneiro do infinito!
Camperon

15 de março de 2010


É tão difícil...
porque as vezes eu não sinto nada!
Amne

14 de março de 2010

Continuo aqui imóvel.


Enquanto falo bobagens
reciclo minha vontade
e a coragem que sobrou dos dias
que não chegaram
Então eu canto dentro do baú vazio de fotos antigas...
Desbotadas pelo tempo que não passou
nem passa aqui dentro do meu peito.

Vive assim... preso no esquecimento
Naquele canto onde o canto da lembrança
me acorda
e pede mais
...simples.

E os dias que não chegam
E a onda que não quebra
E a vida que não toca...
Continuo aqui imóvel.
embora hoje, eu estivesse olhando pro céu...

Amne

11 de março de 2010


Inventário
Carlos Drummond de Andrade

Que fiz de meu dia?
Tanta correria.

E que fiz da noite?
O lanho do açoite.

Da manhã, que fiz?
Uma cicatriz.

Bolas, desta vida
que lembrança lida,

cantada, sonhada,
ficará do nada

que fui eu, cordato?
Mancha no retrato...

7 de março de 2010

Ocupado


"Veio me mostrar vida.

Agora vivo sem vida

Perdida sem céu
Sem chão

Como se fosse normal não ser nada..."
Amne

Pesadelo


Tô cansada da minha intensidade pouca
Deste meu mundo vazio
Dos poços que escavei pro petróleo
Que escorre dos meus olhos...

Com esta minha boca ansiada de adeus
Dentro do planeta moinho
E do sonho pro acaso.

Cada um vive o seu mundo...
Cada procura é insana
Na medida da crença do que vai acontecer.
Ou de tudo aquilo que permitiremos acontecer.
Amne

5 de março de 2010

Palavra é um gesto


Até quando?

Porque não amo nem de mais
Não amo de menos
Parece que amo.

Amo na medida das coisas...
Parece que passarei esta vida
dentro do cazulo

Tentando ser livre
livre do amar!

se um dia a ciência mudar o rumo
da prosa
da vida
do dia...
quem sabe?

Aí eu deixo de amar
sendo pedaço...
com parte faltando.

Amne

3 de março de 2010

Que diria Pandora?


Tenho uma alma leve e triste
Tenho tristezas
Nenhuma alegria
Possuo lembranças
Possuo um rumo sem norte
Um corte que sangra no silêncio

Não tenho nada de mais
E de menos eu já possuía

Tive planos num certo tempo
num certo dia
Hoje percorro minha face
E
Olho singela pra tristeza do dia
do dia de hoje
do agora
instante sem fim...

Desvaneço.
Desfaço, e cresço
Pra onde?

A esperança morreu...
eu à matei com minhas próprias mãos.


Amne