30 de agosto de 2010

Fragmento


Ah... mas se eu pudesse morrer de amor...
Por quem eu morreria?
Que dor me caberia?
De quem mais eu seria?

Caminhos que só se cruzam devagar
Mexendo com o recheio da gente
Carinhando nossa morte...
nossa vida?
Tanto querer
...que a gente nem sabe que sente.

Amne

29 de agosto de 2010

Minha Namorada (Vinicius de Moraes) - Inês Carreira e Pedro Limpo




"Meu poeta eu hoje estou contente
Todo mundo de repente ficou lindo
Ficou lindo de morrer
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de que
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você..."

26 de agosto de 2010

Regionalismo interno


Estou pensando escrever um diário.
Então comprei um pedaço de chita e embrulhei um caderno.
É importante começar de algum lugar...
Pra separar ideias, fitas de "nosso senhor".
Graciosas, coloridas, quase vivas de tão alegres.
Aí fiquei lá com cara de boba, um caderno colorido nas mãos...
E mais tantos pensamentos nos bolsos...
Fazendo de sorrisos amarelos puro regionalismo interno.

Amne

20 de agosto de 2010

Norah Jones - Feelling the same way

Saiu a Kalango!


Nós "semo" foda!

Como diz o Thi Cervan
"De ganhadora do Jabuti à ilustrador da Folha de SP..." mais nós?

Semo foda amigo!!!

Vida pra Kalangooo e sucesso pra todos nós!

http://revistakalango.wordpress.com/


Amne

Sábio mesmo é o silêncio.


Amne

16 de agosto de 2010

SAMBA DA GAMBOA ROBERTA SÁ AGORA SIM



"Amor assim, não tem, não, quem não queira
Quem me quer bem, é bem quem eu queria
Agora sim me sinto mais inteira
No meu caminho, nessa companhia
Agora sim me sinto mais inteira
No meu caminho, nessa companhia
Agora eu tenho quem come em minha mão
Que antes só, só em sonho eu tinha
Quem me completa mente e coração
E tá completamente sim, na minha
Dona Melancolia já não me detona sem dó
E a senhora Alegria já não me abandona
Pois agora eu não sou só eu só..."

2 de agosto de 2010

Para Uma Menina Com Uma Flor

Para uma Menina com uma Flor

Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino,
o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado.
E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras.
E porque você sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano, e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte
eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre um nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, parecendo uma santa moderna, e anda lento, e fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.
E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta,
e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando.
E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.
E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena;
é um vazio tão grande que as mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, "Minha namorada", a fim de que, quando eu morrer, você, se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse cantando sem voz aquele pedaço que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.
E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora - tão purinha entre as marias-sem-vergonha
- a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nessas montanhas recortadas pela mão de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa.
E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfrentando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.

Vinicius de Moraes