4 de outubro de 2012

Até logo

Hoje eu estou mais pobre. Hoje eu estou em LUTO. Neste mundo em que vivemos, as pessoas começam bestialmente a confundir o banal do essencial. E hoje, eu posso dizer, que está faltando parte do meu essencial. Vejo pessoas reclamando e abrindo suas bocas por tão pouco, miseravelmente dissolvendo a essência na rotina da vida, indo contra tudo aquilo que valorizo. Hoje estou apartidária para poemas, textos, e manifestos... Eu quero apenas, olhar para a lembrança que carregarei durante todos os meus dias, até o meu ponto final. Hoje não quero inventar saudade, quero senti-la minuto a minuto. De maneira a testemunhar mais uma página de história. Já amanhã será outro dia... Hoje, eu e o mundo, estamos mais pobres ao lançar um punhado de terra com um adeus dolorido, um punhado de terra que deixará uma enorme ausência no coração de cada um de nós familiares e amigos. Mas para falar dele, não cabe o vazio, nem mesmo a morte. Mesmo mais pobre, falarei da sua VIDA...Preciso de paz na despedida... Em 16 de junho de 1927, nasceu um grande homem. E hoje, ele nos deixa, carimbando em nossas almas a essência do que é viver de verdade. É impossível não falar de suas virtudes: perseverança, trabalho, humor, integridade, discernimento, resistência, ternura, dignidade, sabedoria, serenidade e creio que a maior delas, sua maior virtude sem dúvida, HUMILDADE. Foi assim,com muita humildade, que construiu, lá no interior de Goiás, uma família da qual se orgulhava e citava sempre que possível. Com onze filhos, 25 netos e 23 bisnetos, se assina o que chamamos de exemplo de vida. Quantas pessoas conhecemos, que podemos dizer dignas de tamanhas virtudes? O mundo perde... Certa vez, li : “A humildade é a única base sólida de todas as virtudes.”
Tão humilde ele foi. Conhecia a fundo a sabedoria dos homens, e isso meus caros, nenhum banco de escola lhe forneceu. Sempre alimentou os seus, com o suor de sua inchada, e riu com a alma inteira, nunca espedaçada, como fazem a maioria dos letrados que conheço. Pagou todas as suas contas, e em cada ato vivido, produziu simplicidade. Leonardo da Vinci, afirmou que: “A simplicidade é o último grau de sofisticação.” E como pode meu Deus, um singelo grande homem ter tamanha sapiência? ...Pois ele tinha. E com muita ternura ensinou para cada um de nós a igualdade e fragilidade humana, o valor do trabalho e da verdade. É difícil não chorar, ao compreender o tamanho de nossa enorme perda hoje. Fico pensando, e almejando que eu jamais perca meu tempo com coisas menores, e possa ser grande como ele foi, valorizando as coisas certas! Que o pouco ou o muito que eu viva, transcreva em passos a frase Martin Luther King: “Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios.” Ele provavelmente, não conheceu Luther King em sua forma filosofal, mas sábio como ele só, viveu dessa forma. Seu amor pela vida, pelas crianças e pelas pessoas, definiu para nós o homem que foi. Sempre servirá de exemplo de humildade, retidão, amor e trabalho. Hoje eu fiquei mais pobre e o mundo também! Sua essência tocou e afetou a todos nós, vovô! Um dos maiores e melhores homens que já conheci... E por sua infinita amizade e compreensão deixo meu maior abraço, e aquele sorriso que me ensinou ser importante para o coração. Que sua dignidade impere dentro de cada descendente. E que sua luz jamais se apague. Vá com os anjos! Até a próxima vez... sua neta, Amne Faria

3 de outubro de 2012

"Procura-se por pessoas inteiras"

A humanidade está em crise decadente ainda? Desumana, e quase em fase de absoluta decomposição. Não sei não, mas eu, em especial essa semana, estou extremamente preocupada com todos nós. É difícil não ser repetitiva, e em termos corriqueiros, com nossa completa falta de amor. Cada vez é maior a vontade de ser qualquer outra coisa, em formato melhorado e menos dolorido. Nosso Deus, estou tão cansada, dessa hipócrita massa fria... Antes eu gritava com tanta força para que me escutassem, hoje, sequer, quero ser escutada. Perdi o respeito pela palavra falada! E diante a completa falta de respeito, o que sobra? O auge da consideração lá no escritório, por exemplo, é quando alguém tira o fone de ouvido quando o telefone toca e, destina-se a entregar o telefone dizendo: " É para você." Cada vez sinto menor a vontade de interagir com o mundo. Meu advertido e complexo mundo particular, me parece tão mais intenso... Sinto falta de miudezas, de delicadezas e sorrisos feitos de alma. Sinto falta de respirar no topo de qualquer lugar, com meus olhos bem fechados. Enfim, a chuva voltou, e fiquei contemplando os pinguinhos transparentes lá na minha janela ...eles pareceram livres... Os segui com a ponta dos dedos na janela ontem. E eu chorei, olhando a chuva. Pensei em desenhar casulos nas paredes da sala. Densos e imensuravelmente aconchegantes, para eu me deitar. Os meus dias tem sido muito difíceis, não gosto de "coitadismos"... Mas, cansei de penar à humanidade. Encontrei uma antiga caixa, cheia de mim. A tampa rasgou com a história. Fotos e bilhetes do tempo em que eu sorria...uma fita cassete da Nina Simone, rs. Quem eu já fui, ali, tudo dobradinho com cheiro de passado. Sinto tanto, eu sinto muito, eu sinto saudades! O que fizeram de mim?! Para onde fui?! Para aonde iremos assim? Será que ninguém mais vê? É uma luta inútil, esta de hoje em dia. E olhar para isso, me fere... Noites longas, e dias cada vez mais curtos... Amigos muito doentes, sim. Coisas ruins acontecem mesmo com boas pessoas. Na caixa escrevi: "Até as pétalas das flores me pinicam!..." Genial. (Deus, eu tinha quatorze anos!?) Elas sempre me incomodaram. Hoje me rasgam. Reduzindo-me à migalhas... Olhando para a chuva. A gente não foge do nosso destino, mesmo. As vezes, muitas, a chuva escorre nos nossos olhos, outras aqui dentro. Ainda dentro da caixa... É uma luta inútil, talvez quando tudo isso passar, compreendam. Não quero mais enxergar além. Talvez a ignorância seja libertadora, rs. Talvez dentro dela exista a pureza da felicidade. Quanto mais sei, mais sofro... Então, mais me afasto de Deus e me busco nas orações. Nossas pequenitudes... Tem algum tempo que não quero mais fazer parte de nada. Tem algum tempo que deixei de crer em qualquer coisa, apenas olho para a chuva na janela. Talvez tamanho silêncio, seja para alcançar os decibéis dos olhos cegos. A potência máxima do caos que vivemos... Sinto muito por todos nós. Eu sinto mesmo... Boa noite. Amne - 22/09/2012-