Mal me quer
"Sigo tentando des-ver meus pedaços
é preciso ser fecunda
mesmo há faltar-me partes
Mesmo há faltar-me azuis.
Colecionando toda a maldita falta que me sustenta
Enquanto escorre-me águas,
paredes e todas as minha amenidades guardadas
Hoje em dia, por aqui, os vazios se conversam.
Ilusão que desapercebidamente construí na areia movediça
Tenho ângulos desertos, carrego eu
doces nos bolsos
Agora, abraço abismos
Agora, nem durmo mais
Agora, recolho-me, varrendo-m
Sendo a sobra de metáforas alheias.
Tornei-me, e já me faz tempo, meandro
da minha própria sede
Minha última coleção foram migalhas de pão
e algumas súplicas que ninguém escutou
Indistinção de memórias sem acabamento nem pormenores
Ora,
Meu mundo já foi gigantesco
Num balé quase perfeito de carrossel
Hoje apelos de feridas que não se fecham."
Amne 13-03-2013