3 de dezembro de 2013

Saudades...

Somos águias vivendo como galinhas.

( Entre Parênteses )

Uma das coisas que eu mais gosto na minha vida é deitar para ouvir o vento, então eu fecho os olhos e sinto. O vento diz muito, ele me acalma. O vento me prepara para essas coisas esbrumelengas que eu tenho em mim, enquanto junto quebra cabeças no meu peito.
E lá se foi mais um ano em minha vida...
Um ano “ganhado”. Ganhei coisas importantes: foram pitadas de noites, problemas imensos e alguns domingos, fatias de marmelada e plantas rebrotando aqui no apartamento. Senti muitas dores no pé e nas costas, contando minutos com contas gotas. Tendo que lidar com desafios e escolhas a todo o tempo.
Brinquei de bolinhas de gude e o menino aprendeu profundezas sobre a arte da subtração. Percebi o quanto somos mortais e que jamais nos preparam para isso. Envelhecer é mesmo gravitacional, em cada ação.
Tive eternidades de tristezas, e mais meia tonelada de alegrias. Inconformada com sábados voadores e segundas num andar de caracol. Foram tantos acontecimentos com peculiaridades de insetos. Passaram- se meses no calendário, mais uma vez.
Foi-se mais um ano inteirinho em minha vida! Hoje, lavei o rosto com essa constatação às cinco horas da manhã, enquanto o sol se preparava para dar as caras.
Rezei menos nessa temporada, mas creio que hoje, tenho mais consciência dos meus erros diários. Ando preguiçosamente melhorando meu lado bom. Isso dá um trabalho danado. Embora eu tenha vibrado mais com a minha essência, me orgulhando disso, dessa pequenitude de que sou feita. O universo tem sido muito razoável para mim.
E por isso agradeço, cada vez mais aberta e tolerante , as vezes ainda erro, mas sigo tentando... Andei abrindo algumas frestas do meu interior. Como diz uma amiga ao definir-me: Ora Pagú ora Amelie ora Joana Dark, ando sendo mulher muito inteira. Amistosa com meus defeitos.
A experiência de viver é um presente. Mesmo quando procuramos vaga para estacionar, derretendo nesses dias tão quentes, ou quando paramos e contamos as últimas moedas.
E o mais bacana é que não envelheci, apenas cresci esse ano. Envelhecer me parece pacato demais, derradeiro. E a bem da verdade, é que envelhecer é ter tempo para evoluir, com delicadeza e curiosidade. O movimento positivo da inteligência interna.
Voltei a andar de bicicleta e mostrei coisas importantes para meu filho. Esse ano ele aprendeu a lavar seu tênis e agora vai a padaria sozinho, e volta cantarolando entre um naco e outro de pão.
Passei dias pensando sobre a liberdade assumida por mim. Após tamanha deliberação percebi do que é a minha essência, meu recheio todo. Não sinto muros em mim. Não encontro fronteiras nem margem em meus paradigmas. Ando muito profunda. Rs. Isso também é bem cansativo.
Esse ano que passou cansei de me preocupar com ao alimentos menos indicados e cancerígenos, pois se depender dos especialistas, paramos de comer arroz e vivemos de fotossíntese. Ter dúvidas é bom.
Gosto cada vez mais da minha simplicidade com seu cheiro de chuva, picolé de limão, sorriso sentada no chão, pés descalços, colhendo acerola para comer a tarde. Cara limpa, com força e olhares apurados.
Equilibrando-me no inesperado eu sigo. Pois as coisas são como são. E quando eu não concordo com elas eu grito. Afinal, o que possuo de mais certo é esse meu sentir, e sentir é vida.
E desejar a vida é mesmo uma dádiva!
É pique é pique é pique.
Ra Tim Bum!
Parabéns para mim.

Amne

19-11-2013