16 de junho de 2011

Com minha Alma Revestida


De repente me encontro
Entre minhas futilidades
Deixei de ser o sonho de alguém
Deixei de ser meu próprio sonho
Continuo colecionando pedras
Pré-requisito para as minhas infelicidades conquistadas
Uma falta de zelo
Com minha própria integridade...


Continuo me absolvendo no final de cada dia
Enquanto defino,
definhando minha vida
Com toda a falta de toque
Que eu consigo armazenar
Em bolsos furados pelo tempo
Por dias vazios de outrora
Pelo silêncio que esculpiu minha história
Pela alma cansada
Por uma vontade agonizante
De ser o sol...

Amne

10 de junho de 2011

Experimentação



"... dá-me sonhos teus para eu brincar."
(Alberto Caieiro)

Veio a calhar


Pessoas,
achei outro dia esta crônica do Carpinejar, não tinha como não dividir com todo mundo.
Acho que não existe outra palavra que descreva o que tenho sentido tão bem. A palavra é INJUSTIÇA. E não é só uma palavra, é um sentimentozinho contraditório e injustiçado que só. Que arde, corrói a gente...Que também é o título da crônica.
Crônica que veio a calhar!

Boa leitura!
beijo,
eu


"INJUSTIÇA"

— Não confie na frase de sua avó, de sua mãe, de sua irmã de que um dia encontrará um homem que você merece.
Não existe justiça no amor. O amor não é censo, não é matemática, não é senso de medida, não é socialismo.
É o mais completo desequilíbrio. Ama-se logo quem a gente odiava, quem a gente provocava, quem a gente debochava. Exatamente o nosso avesso, o nosso contrário, a nossa negação.
O amor não é democrático, não é optar e gostar, não é promoção, não é prêmio de bom comportamento.
O melhor para você é o pior. Aquele que você escolhe infelizmente não tem química, não dura nem uma hora. O pior para você é o melhor. Aquele de quem você procura distância é que se aproxima e não larga sua boca.
Amor é engolir de volta os conselhos dados às amigas.
É viver em crise: ou por não merecer a companhia ou por não se merecer.
Amor é ironia. Largará tudo — profissão, cidade, família — e não será suficiente. Aceitará tudo — filhos problemáticos, horários quebrados, ex histérica — e não será suficiente.
Não se apaixonará pela pessoa ideal, mas por aquela que não conseguirá se separar. A convivência é apenas o fracasso da despedida. O beijo é apenas a incompetência do aceno.
Amar talvez seja surdez, um dos dois não foi embora, só isso; ele não ouviu o fora e ficou parado, besta, ouvindo seus olhos.
Amor é contravenção. Buscará um terrorista somente para você. Pedirá exclusividade, vida secreta, pacto de sangue, esconderijo no quarto. Apagará o mundo dele, terá inveja de suas velhas amizades, de suas novas amizades, cerceará o sujeito com perguntas, ameaçará o sujeito com gentilezas, reclamará por mais espaço quando ele já loteou o invisível.
Ninguém que ama percebe que exige demais; afirmará que ainda é pouco, afirmará que a cobrança é necessária. Deseja-se desculpa a qualquer momento, perdão a qualquer ruído.
Amar não tem igualdade, é populismo, é assistencialismo, é querer ser beneficiado acima de todos, é ser corrompido pela predileção, corroído pelo favoritismo. É não fazer outra coisa senão esperar algum mimo, algum abraço, algum sentido.
Amor não tem saída: reclama-se da rotina ou quando ele está diferente. É censura (Por que você falou aquilo?), é ditadura (Você não devia ter feito aquilo!). É discutir a noite inteira para corrigir uma palavra áspera, discutir metade da manhã até estacionar o silêncio.
Amor é uma injustiça, minha filha. Uma monstruosidade.
Você mentirá várias vezes que nunca amará ele de novo e sempre amará, absolutamente porque não tem nenhum controle sobre o amor...
Fabrício Carpinejar

E então?


Será que um dia
nos restará a indiferença?