26 de janeiro de 2010



Falam da complexidade de existir!
Retruco eu:
A solidão é de uma simplicidade...
Amne

25 de janeiro de 2010

Sunday morning


Brincar com a vida
brincar com olhos, olhares e sorrisos
brincar com os lugares dos sonhos
brincar com a ironia de existir
(apesar de tudo isso)

Redimindo os medos
nas celas prisioneiras
A felicidade abstrata
de um dia a dia fantasiado
numa folha de papel...

A espera da última gota do oceano.
A fuga da impossibilidade desta Terra.
Num planeta solitário
de um vago devaneio eterno.
O temor de sentir
O temor de não sentir
O mesmo caminho vindo, indo e foi

A coleção de dores quase moles
quase nossas
quase verdadeiras...

A fuga do reencontro.
A espera por novos dias
Uma imagem antiga
incomodando o sono
aquele de se sentir.

coisas das manhãs de domingo
calmas
rancorosas
cheias
do vazio que sobrou...
na sobra do meu peito.
Amne

24 de janeiro de 2010





"Doi-me a cabeça e o Universo"
Fernando Pessoa

Nova impressão pra vida


A miséria de um homem
Na artéria da vida
Me incomoda, me irrita
Como os últimos mil anos
Que vivi ontem.

A vida descompasso, com os passos que passaram
A sensação fria da areia que alcança meu pescoço.
Da falta!
Do tédio!
Da solidão!

Daquilo que acabou com o meu “descabelado” natural
Quebrando o pau com o espelho, e a minha própria loucura
Cheia da genuína raiva que andei fabricando
Entre lágrimas ácidas e olhos vendados

Não quero mais ventos...
...anseio tempestades!
Não mais as luas ensolaradas...
...prefiro o calor dos vulcões!
Não mais as portas e janelas...
...quero passos na estrada!
Quero a ira da fé!
E chuvas gélidas pra banhar-me ao amanhecer...
Chega desta miséria que constitui almas.
Eu não aguento mais.
Não quero mais pensar
...quero apenas dormir hoje
e um dia acordar...

Eu preciso de mais loucura
Eu preciso de mais teatros no meio da rua
Eu preciso de silêncio no vento
Eu preciso de um bloco em branco
Eu preciso escrever música ...e cantar.
Eu preciso viver, e chorar só de alegria.
Eu quero me assustar mais vezes.

Estou indo embora de mim mesma
E é pra sempre!
Estou com saudade das coisas imperfeitas e sua indivisível perfeição!
Estou reconhecendo quem já fui...
Adeus!

Amne

23 de janeiro de 2010

Ainda vivo e morro disso



"Ainda vou viver poesia.
Ainda vou.
Viver, uma vida de saber o que sou
e onde vou dar...vai dar...poesia
poema pequeno
de pouco contingente
de gente que nem me vê."
Amne

22 de janeiro de 2010

Muito parecido com o meu


"Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.

Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.

Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:

O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta
."

Clarice Lispector

Tempestades de bonança


Arregaçando as mangas e a alma
O que é que sobra?
Um futuro vazio de urgências morosas
Na estrada dos tijolos amarelos
Onde já nada se sente
Com mãos e suor petrificados pelo vento e a tempestade
Que matou a plantinha seca no vaso...

Que agora separa os cacos por ordem de tamanho
E remenda os buracos na face
Dança pras agonias que a noite trás...
Surpresa pelo mundo apenas girar
Girar e girar
Num eixo só.

Impaciente com tanta paz
Inconveniência do tudo sentir
Até quando medo vira bonança
E vida, surpresa trazida enrolada em presente pequenininho...
Dedilhando vagamente sobre os dias tão novos.
Amne

15 de janeiro de 2010


"Sofrer dói tanto que não há tempo de sentir...
Arranque meu coração com as mãos, mas não toque
na parte mais bela do meu peito!"
Amne

12 de janeiro de 2010

A gota do veneno na longa hora de morrer


O que temos sobre a mesa, senão
Um jogo de baralho gasto e desfalcado
E devaneios tortos de uma causa injusta...
Nunca escreverei sobre este jardim com peças mortas,
pessoas mudas...onde se torturam crianças!
O meu mundo entre escadarias contrárias se desfez
em partículas macro estruturadas de nada
Escavei pilares em geléia doce e incrivelmente doentia no efeito
Efêmero da dor doida e rancorosa de ontem
Onde nasceram flores tristes
Pra nunca mais crer
Pra nunca mais acontecer e voltar num tempo que sequer existiu
Abraçada as dores
Enrolada as angustias
E coroada por lágrimas de sal...
Sigo, fico e vou
Por falta de opção das palavras!
Na hora da morte sem fim.
Amne

9 de janeiro de 2010

Namastê


Estou cansada hoje, e parei pra pensar o que de fato me motivaria a seguir:
“Um dia tive no ventre um coração intruso, pequeno intruso.”
De fato coisas e situações mudam...mas o amor que dele brotou, não.
Eu me orgulho muito do “ser” meio eu... que fiz na barriga, e o fato dele existir muda tudo.
O meu amanhã está densamente nublado, o hoje envolto as tempestades...mas o motivo é claro para seguir.
O anjo da guarda que “cuida de mim, feito de mim, pra mim”...disse: O que é namastê?
Respondi ...É O QUE SINTO POR VOCÊ.
Amne

7 de janeiro de 2010

Repensando

Encontrei um diário meu hoje, datado de 1996 até o ano de 2000.
Parece que foi ontem, e eu nem sabia que tanto já escrevi na vida.
Encontrei um poema chamado "Kosovo" e seus refugiados.


"Mãos armadas de sangue
Um ódio santo, camuflado de dor
Triste como um pássaro em chamas
Sem canto...em lágrimas.

Desigualdade na dor,
de fé,
de "poder".
Poder sentir dor.

PODER
Armado que mata
corrompendo a carne
nos espíritos que se perdem
...dos que matam.

Mata-se o amor nos olhos das crianças tristes
Esquece-se de Deus pisando-se nas flores.
Armando os involuntários à maldade
...dos homens.

Véus nas faces!Negros...
faces das faces da vergonha
Racionais?
Que somos, observando.
Silêncio no céu
E "paz na Terra aos homens de boa vontade"
Vida aos anjos descalços na neve vermelha..."

Amne 1999.

Pra pensar

"O sistema é mau, mas minha turma é legal
Viver é foda, morrer é difícil
Te ver é uma necessidade
Vamos fazer um filme
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
Sem essa de que: "Estou sozinho."
Somos muito mais que isso
Somos pingüim, somos golfinho
Homem, sereia e beija-flor
Leão, leoa e leão-marinho
Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito
Chega de opressão:

Quero viver a minha vida em paz
Quero um milhão de amigos
Quero irmãos e irmãs
Deve de ser cisma minha
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta
E no meio de uma depressão
Te ver e ter beleza e fantasia.


Renato Russo

5 de janeiro de 2010

Mosaico



A única necessidade existencial que possuímos
É de fato respirar.
O resto apenas se brinda à vida.
Imaginando que somos todos livres até de nossas vontades.
Tudo é moldado pelo tempo que ainda virá.
Portanto, cuidado: Respire mais.
E acredite: AMOR é utopia!
A gente descobre cada coisa quando o cansaço bate pra desmoralizar...
Amne

2 de janeiro de 2010

Dentro do labirinto do Fauno


Me perdi de mim...me perdi em um labirinto de um “fauno”... com aquela mistura toda entre o bem e o mal.
Rasguei meus pulsos na hera densa e fechada da vida.
Caminhei passos contrários vindos de mitologias regionais. Aprendi a colecionar erros, perdi até a compaixão pelo espelho.
Voei para um inferno feito de gelo.
Vivi uns tempos na fortaleza de minha solidão.
Descuidei das palavras e dos tons, em especial das ações que regem o movimento da Terra.O bem, o certo e o justo.
Certa vez me descreveram assim... em uma carta que me descrevia aos poucos, e com cuidado:

“...E você com aquela voz preguiçosa pela manhã... vem e diz bom dia, e dá um sorriso contando seus sonhos, e me mostrando alguma poesia, e um arco-íris se pinta sozinho no céu ... e assim eu ganho força pra continuar e seguir em frente...”

Onde eu fui parar?
Onde fica a parte da frente das histórias?
Perdi todo o encanto, aquele charme que a ingenuidade trazia da pureza do” ser menina”, e assim transparecia.
Tornei-me mais amarga e densa, um fato irrevogável ...
Mas enfim hoje sou uma mulher de cara limpa, e com os pés presos com os cravos e a trindade esquecida.
Tanto para compreender ainda meu Deus...
O primeiro passo é voltar a “cantar” poesias preguiçosas ao abrir dos meus olhos...simples, como eu sempre fiz...
Escrevendo sobre devaneios , ao som de mantras de paz...dos tempos vindouros que anseio por aqui.
Amne

1 de janeiro de 2010

A vasta sabedoria de Drummond


"Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais a mim
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque Amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte, e da morte vencedor
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor"

Lindo não é?
Coisas de C.Drummond de Andrade