3 de outubro de 2012

"Procura-se por pessoas inteiras"

A humanidade está em crise decadente ainda? Desumana, e quase em fase de absoluta decomposição. Não sei não, mas eu, em especial essa semana, estou extremamente preocupada com todos nós. É difícil não ser repetitiva, e em termos corriqueiros, com nossa completa falta de amor. Cada vez é maior a vontade de ser qualquer outra coisa, em formato melhorado e menos dolorido. Nosso Deus, estou tão cansada, dessa hipócrita massa fria... Antes eu gritava com tanta força para que me escutassem, hoje, sequer, quero ser escutada. Perdi o respeito pela palavra falada! E diante a completa falta de respeito, o que sobra? O auge da consideração lá no escritório, por exemplo, é quando alguém tira o fone de ouvido quando o telefone toca e, destina-se a entregar o telefone dizendo: " É para você." Cada vez sinto menor a vontade de interagir com o mundo. Meu advertido e complexo mundo particular, me parece tão mais intenso... Sinto falta de miudezas, de delicadezas e sorrisos feitos de alma. Sinto falta de respirar no topo de qualquer lugar, com meus olhos bem fechados. Enfim, a chuva voltou, e fiquei contemplando os pinguinhos transparentes lá na minha janela ...eles pareceram livres... Os segui com a ponta dos dedos na janela ontem. E eu chorei, olhando a chuva. Pensei em desenhar casulos nas paredes da sala. Densos e imensuravelmente aconchegantes, para eu me deitar. Os meus dias tem sido muito difíceis, não gosto de "coitadismos"... Mas, cansei de penar à humanidade. Encontrei uma antiga caixa, cheia de mim. A tampa rasgou com a história. Fotos e bilhetes do tempo em que eu sorria...uma fita cassete da Nina Simone, rs. Quem eu já fui, ali, tudo dobradinho com cheiro de passado. Sinto tanto, eu sinto muito, eu sinto saudades! O que fizeram de mim?! Para onde fui?! Para aonde iremos assim? Será que ninguém mais vê? É uma luta inútil, esta de hoje em dia. E olhar para isso, me fere... Noites longas, e dias cada vez mais curtos... Amigos muito doentes, sim. Coisas ruins acontecem mesmo com boas pessoas. Na caixa escrevi: "Até as pétalas das flores me pinicam!..." Genial. (Deus, eu tinha quatorze anos!?) Elas sempre me incomodaram. Hoje me rasgam. Reduzindo-me à migalhas... Olhando para a chuva. A gente não foge do nosso destino, mesmo. As vezes, muitas, a chuva escorre nos nossos olhos, outras aqui dentro. Ainda dentro da caixa... É uma luta inútil, talvez quando tudo isso passar, compreendam. Não quero mais enxergar além. Talvez a ignorância seja libertadora, rs. Talvez dentro dela exista a pureza da felicidade. Quanto mais sei, mais sofro... Então, mais me afasto de Deus e me busco nas orações. Nossas pequenitudes... Tem algum tempo que não quero mais fazer parte de nada. Tem algum tempo que deixei de crer em qualquer coisa, apenas olho para a chuva na janela. Talvez tamanho silêncio, seja para alcançar os decibéis dos olhos cegos. A potência máxima do caos que vivemos... Sinto muito por todos nós. Eu sinto mesmo... Boa noite. Amne - 22/09/2012-

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom, adorei!