14 de dezembro de 2012

Muito prazer





...Vamos seguindo alertas.
Em busca dos, tão nossos, pequeninos milagres...
Venho seguindo daqui, roubando os fragmentos de alma que me faltam, que caíram pelo caminho.
Essa instabilidade do acaso, dos papéis e mais um milhão de livros gastos e de distâncias. Sigo do lado de cá, mastigando sonhos e comendo meus universos de dor.
Sorrindo das minhas coleções de desencontros, desamores e des-ilusões. Nessa travessia sem fim, só para ver se me encontro,enquanto desenho nas paredes dos meus sonhos. Uma ausência de pessoas e consolos,
Sigo.
Mas volto, as vezes, para olhar bem no fundo dos olhos daqueles que cruzo.
E olho com a delicadeza que me é assim tão peculiar.

Sabe, sigo distribuindo aquilo que busco.
Perto e distante de mim.
Como sempre foi, e é até, e então.
Reconsiderando aquilo que fui.
Somos, então, outro dia.
Quando parece que o tudo é pouco
E a força é, e anda tão rouca...inaudível.
Confissões de olhares autônomos,
E distancias cuidadosamente construídas,
com aqueles muros imaginários que fiz nas areias da praia
de uma história mal sonhada de realidade;

Sigo.
Mas volto, as vezes, para deitar em amores imaginários
Sentindo sentidos, seus cheiros e gostos
E não gosto de me machucar. Não mais...
Foi- se o tempo que eu vivia em carne viva.

As vezes eu também preciso me ler, enquanto escuto aos outros
Me compreender é extremo
Difícil, e requer muita concentração.

Ajam miudezas e simplicidades,
lápis coloridos e açúcar para me confeitar...
Ajam olhares ralos de julgamentos.
As vezes é preciso bem mais que o sentir, me sentir.
Interpretando minha coleção de pedras e de silêncios...

Porque,
Eu conheço uma menina
Que tão pequena andou sendo grande
Que de tão triste fabricou lágrimas que se transformaram em chuva
Lá, em seu quintal desértico

Que não tem certeza de nada
Se transmutando enquanto respira
Que já teve medo de quase tudo
E conversa com a esperança até hoje

Que é rabugenta e sistemática
Que gosta de gente estranha
E tardes ensolaradas
(sem falar do vento...ah o vento...)
Que respira poesia,
com sua falta de ar constante

Que canta sem saber a letra
Que dança mesmo caindo às vezes
Que adora hora certa e local combinado
Que prefere não crescer por medo da dor

Inclusive,
Que não aprendeu como ser “gente normal”
Que adora pintar os olhos e as unhas do pé
Que lê Quintana como parte da família
E prende o cabelo bem no alto
Enxergando divindade de mármore
Em sua beleza já fria

Que ri sem ter motivo
Que adora joaninha
E morder pés que ainda não cresceram
Que não gosta de quiabo
Nem de bananada...
Que se preocupa com o futuro

E que não se parece com nada,
e provavelmente, nem se pareça com ninguém
Pois foi feita do acaso pela falta de faces

E tem medo do “monstro” barata e suas antenas
Que procura tatu bola
E gosta de sorvete de limão
Que briga em palanques
(Mesmo sem saber a motivação, com seu ímpeto desenfreado e sede sabe-se lá Deus do quê...)
Que se indigna com pouco
E não tolera injustiças!
Que se esquece de tudo...Com aquela suavidade de quem dorme e acorda tarde.

Mas carrega pessoas no bolso, junto às suas balas de hortelã
Que odeia a louça na pia, mas adora brinquedo no chão
Que é criança por opção, menina por dedicação e mulher pela mais pura necessidade
Que não sabe onde é o norte
Mas anda se equilibrando no meio fio
Pois as vezes, a vida brinca de surrupiar seu chão

Ah, eu conheço uma mulher ...
Que quase não cabe mais dentro dela,
Que dobra a alma todo dia para que caiba no corpo
( e pretende aprender voar...)
E que deixa as portas sempre abertas
Para diminuir distancias...

Uma menina feita de sonhos, fracassos, conquistas
Feita de nuvem e de chão.
Feita de ar.
Feita de ilusão.
Feita só de argila, sem nome, e vinda de lugar algum.

Uma mulher com alma de menina
Uma menina com a força de uma pluma
e a vontade de um trovão.
Apenas uma menina que eu conheço.
E reconheço no espelho pela manhã...
Para quem eu digo: “Bom Dia”
... e garanto que no final vai dar tudo certo!

Mesmo quando ela se sente sozinha, pequena bem pequeninha
Porque ela é só uma menina num formado melhorado pelo tempo
que fala preguiçoso logo cedo bem cedinho,
e canta leve pros anjos dormirem...
Aquela
Que bagunça todas as suas vidas
Enquanto embala no colo dias bem mais claros que agora.

Que sente saudade daquela desconhecida
E escreve na escuridão da noite,
Com aquele nó de fuzileiro na garganta

Porque as vezes as palavras resolvem fugir do peito
Enquanto todos dormem...
Desbravando a imensidão do espaço.

Desenhando vida na escuridão
Nessa oportunidade que a noite me trás junto aos meus papéis
Minha beleza salta fora ao alcance de minhas mãos
Eis- me aqui. Muito prazer,
Amne

" onde o amor for infinito que eu encontre o meu lugar..."

Um comentário:

Marcos disse...

Um minucioso autorretrato.
Uma revelação.
Um mapa pra entender você
Ou se perder tentando entender.