11 de junho de 2009

Dizem que a saudade é azul


Conceitos

Denominados tudo aquilo que conhecemos, e até aquilo que sequer existe palavra para expressar, como quando alguém parte da nossa vida, deixando lembranças, fotos, sentimentos...
A palavra saudade por exemplo , é uma destas palavras difíceis de ser sentida, só existe no galego-português, porque na realidade se origina do latim "solitas, solitatis", que quer dizer solidão.

Para mim ela tem muito mais significação se for ligada a melancolia, e ao “Vazio”, porque é o que fica dentro da gente quando alguém se vai...pra perto ou longe,(tornando-se um próximo distante, uma vez que começa à fazer parte de nossa essência) deixando um vazio meio amargo ...meio tristonho, quase melancólico.Camufando nosso dia com falta de cor e de gosto.
As pessoas que por alguma brincadeira divina passam em nossas vidas(sem parar), levam algo de nós, enquanto roubamos pra nós algo delas também.O duro é todo mundo sair inteiro...as vezes, as lições são maiores até que os buracos deixados,estive pensando mesmo nisso.
As coisas, os conceitos...situações ... é tudo tão imposto, que o que sentimos sempre acaba sendo pequeno diante o mundo, mesmo que a vontade de voar seja sempre maior.

As relações humanas por exemplo, são sempre pré definidas,como se fosse possível definir graus de sentimentos.Você até pode racionalizar a respeito, mas controlar qualquer coisa parece sempre ser impossível...improvável e no mínimo incoerente.
Pessoas como Che, Gandhi, John Lennon por exemplo,viveram o que acreditaram ser o mais certo para eles e para o mundo...intensamente.
Propagando aquilo que para cada um era realmente importante, eu tenho tentado viver o que acredito , e hoje entendo como isso pode ser complexo e difícil...como o certo acaba parecendo errado, e como o errado parece ser o mais comum, o normal até, e tudo bem ...porque as pessoas simplesmente não se importam, são como as plantas e seu ciclo medíocre de nascer e morrer...e só!

Um dia você anda nas ruas e só vê pessoas sem semblantes, sem expressão...aí dá um aperto no coração,porque é possível se ver nelas.
Então,volta correndo ao próprio recheio em uma tentativa desesperada de saber quem é...ou em quem se tornou, a busca nossa(aparentemente),acaba sempre nos levando aos todos, que passaram ficando ao não em nossas vidas.São as fotos de um domingo de sol , perdido na lembrança em uma montanha qualquer rodeada de amigos, a risada espontânea ou o abraço silencioso que recebemos de alguém...por motivos distintos, então voltando encontramos com aqueles pedaços do que gostaríamos de ter sido...tornado...vivido...escolhido...e o que vem é a tal saudade, que a gente nem sabe definir do que ,ou de quem especificamente.(melancolia?).Provavelmente é saudade de nós mesmos!

Onde estão as rédeas que levam para a paz?A tal paz de espírito,o “conformismo pleno” com as próprias escolhas?Será que a vida é pouca?Ou nós que sentimos pouco a vida?
Hoje, as lições são tantas que esbarramos com elas ao andar...respirar...só que não as absorvemos na medida pra nossa mente e coração se satisfazerem, não é?
Queria ser grande, plena e com menos buracos...queria sentir prazer ao abrir meus olhos, sem sentir culpa por ser feliz...queria modificar meu recheio ao ponto de deixa-lo quase vazio, para carregar menos peso...queria pessoas melhores, queria a chance de o ser!
Talvez eu queira demais, e a saudade tenha me maltratado ao ponto de não saber mais quem eu sou!

Amne

Um comentário:

Rodrigo Bentancurt disse...

Ótima idéia a de saudade de nós mesmos. Creio que as perguntas do último parágrafo são retóricas, pois cada um de nós terá a sua resposta. Eu acho que a vida e pouca e que a sentimos pouco também, transformando-a em mínima. E outra coisa.A saudade pode ser encarada como a presença da ausência, a presentificação do vazio.