24 de abril de 2010

“Só sei que nada sei”


Tenho uma professora que do alto de sua vasta sabedoria se mantêm em pleno estilo Socrático.
Parece que os seres favorecidos encefalicamente tendem a este comportamento.
Cá muito entre nós, ela é basicamente um “mestre do magos” pós moderno, para cada pergunta, ela solta outro questionamento mais abrangente, e sinceramente some atrás de alguma pedra... deixando-nos lá com cara de paisagem, com cérebros super aquecendo nas noites e dias vindouros.
Andei pensando novamente em questionamentos nada saudáveis pro momento, eis que deparei com Sócrates em sua conhecida frase de Orkut :“Só sei que nada sei”.
Sabedoria condensada em uma única e singela junção de símbolos, tão bem codificados em seu pleno e abrangente significado...e há um baita tempo por sinal...Antes, bem antes de Jesus já tinha gente sendo condenada por defender a Verdade.
Vamos simplificar a coisa, se é que dá pra agir sem comportamento “Mestre dos magos” nesta situação.
Hoje buscamos tanto tudo (que em geral é nada ...coisas vazias), que perdemos a capacidade de compreender a Verdade das coisas. A tecnologia, a evolução social tem mesmo nos prendido sozinhos dentro de nós, e por alguma razão “alienígena” estamos perdendo a capacidade do questionamento.
(Aquele comportamentozinho que o cara tanto gostava, e a minha professora também hehehe)
Bom, a bem da verdade é que hoje deixamos que questionem sem questionamento algum, as respostas que buscamos, então as encontramos prontinhas em algum lugar do Google.
Não lhes parece legal, mas é isto mesmo.
Enquanto uns tomavam cicuta pra defender posicionamentos e questionamentos a gente tem a postura do “Hã, é comigo...ah deixa pra mais tarde.Eu acredito em qualquer coisa, desde que eu não tenha que pensar muito”...e enfiamos goela abaixo, e só.
Não estou filosofando, estou buscando algo ou se preferirem: estou fazendo uma investigação cega sobre os desdobramentos das coisas que me incomodam, paradigma bem meu.
Parece que estou filosofando.
(rsrsrs...depois não entendem quando cito o Batman, e sua frieza inglesa diante de um precipício...)
Como eu ia dizendo...evolução do que mesmo? Dos Homens? Parece que não, ainda matamos quem pensa, no mínimo limitamos seu conhecimento.
Vejam a situação das mulheres muçulmanas.Bom, aí terei críticos colocando que é uma questão cultural, eu prefiro pensar que é uma questão humanitária.Moramos todos no mesmo planeta ou não?Porque quando acabar a água seremos de fato “todos seres humanos” ...?E gente é feito tudo igual. Carne, osso e algum sentimento.(Que dependendo está no cérebro ou n’alma...)
Parece que o filósofo já sabia das coisas :
É melhor morrer defendendo uma vida justa à viver inverdades!
Porque é só através da verdade e da justiça que se evolui verdadeiramente.
O cara já falava da importância de nos conhecermos, mas nós altamente contemporâneos achamos bacana é camiseta com filtro solar...
Quando será que chegaremos em algum nível razoável de sabedoria?
Onde nosso eu, nossas verdades e paixões nos dêem coragem de tomar a cicuta da vez?
Estando nós antes de tudo, valendo cada gota de nosso suor, fazendo questionamentos e considerações internas valer o veneno do auto conhecimento.
Sócrates disse:

“A maneira de se conseguir boa reputação reside no esforço em se ser aquilo que se deseja parecer.”

Conheço gente moderna que diz:

Se a tua consciência está tranqüila, que se Foda a tua reputação!

(graças à Deus existem pensantes sobre esta Terra, em números restritos de fato, mas quase se enche um mão inteirinha RS). Mas ao que parece ainda hoje a maioria segue o que o mesmo pensador observou no comportamento humano, somos embalagens ambulantes sem conhecimento algum sobre a terra , nossa reputação do parecer vem antes inclusive do direcionamento de nossas vidas. Nos tornamos só isso?
A importância da liberdade do pensamento, do auto conhecimento só me faz pensar que existindo a falta deles nos tornamos escravos de nossa ignorância, covardes e sem confiança em nós mesmos.
A importância da sensibilidade dos poetas, a particularidade de ser como se é, a essência individual e a verdade são hoje banalizados como na Grécia já o era...
O processo lógico de evolução pecou na demora, nossas mentes (que tão pouco conhecemos) só serão livres e plenas, quando nossa mente for no peito, defendermos nossas verdades e crenças, e termos pleno domínio de cada compartimento nela guardada...haja boa vontade, aplicação e esmero.
Do contrário só tomando cicuta, ou sendo o Batman.
Amne


Obra: Dali "Premonição"

Despedida


Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ? - me perguntarão. -
Por não Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão.

Cecília Meireles

Observação II


"E você, meu amigo galvanizado, você quer um coração?
Você não sabe o quão sortudo és por não ter um.
Corações nunca serão práticos,
enquanto não forem feitos para não se partirem..."
O Mágico de Oz




Imagem: Grafite em SP

23 de abril de 2010

"Paris, 1957"

Hoje somente hoje, passei em um sebo.A casa continuava lá esperando gentilmente sua arrumação. ( Pobre casa, tão tola... )
Entre o pó e o nó na garganta, entre o espirro da vez, eis "Vinicius" ali, todo para mim.
Entre o amarelado já gasto das folhas velhas de um outono qualquer
( E digo: sem capa alguma!).
Ali parado no minuto imóvel da minha existência.
Ei-lo datado "Paris 1957", como de fato deveria ser.
Nascera em julho o tal poema.
Feito de forma cuidada com uma dor quase melancólica em sua totalidade.
Fora publicado em 1983, bem próximo de minha vinda para esta Terra dos loucos que tanto tem me doido.
Tocou meus olhares. Lê-lo fora quase como uma digestão ávida de um gomo qualquer em meus lábios.
Senti o calor em minha face enrubescer, tamanho espanto daquelas palavras, tamanho espanto frente a dualidade quase perversa que o momento propriamente me causou.
Se tu hoje escreveste pra mim, ou se por algum devaneio publicou algo de nós em teus sonhos na última madrugada...muito tens destas linhas que li....
Ali, o espanto confuso do momento disperso, uma espera entre meus dentes...
Ali sentada no escuro do fétido mofo, encontrei tudo o que poderia me incomodar.
Amne


O amor dos homens



Na árvore em frente
Eu terei mandado instalar um alto-falante com que os passarinhos
Amplifiquem seus alegres cantos para o teu lânguido despertar.
Acordarás feliz sob o lençol de linho antigo
Com um raio de sol a brincar no talvegue de teus seios
E me darás a boca em flor; minhas mãos amantes
Te buscarão longamente e tu virás de longe, amiga
Do fundo do teu ser de sono e plumas
Para me receber; nossa fruição
Será serena e tarda, repousarei em ti
Como o homem sobre o seu túmulo, pois nada
Haverá fora de nós. Nosso amor será simples e sem tempo.

Depois saudaremos a claridade. Tu dirás
Bom dia ao teto que nos abriga
E ao espelho que recolhe a tua rápida nudez.
Em seguida teremos fome: haverá chá-da-índia
Para matar a nossa sede e mel
Para adoçar o nosso pão. Satisfeitos, ficaremos
Como dois irmãos que se amam além do sangue
E fumaremos juntos o nosso primeiro cigarro matutino.
Só então nos separaremos. Tu me perguntarás
E eu te responderei, a olhar com ternura as minhas pernas
Que o amor pacificou, lembrando-me que elas andaram muitas léguas de mulher
Até te descobrir. Pensarei que tu és a flor extrema
Dessa desesperada minha busca; que em ti
Fez-se a unidade. De repente, ficarei triste
E solitário como um homem, vagamente atento
Aos ruídos longínquos da cidade, enquanto te atarefas absurda

No teu cotidiano, perdida, ah tão perdida
De mim. Sentirei alguma coisa que se fecha no meu peito
Como pesada porta. Terei ciúme
Da luz que te configura e de ti mesma
Que te deixas viver, quando deveras
Seguir comigo como a jovem árvore na corrente de um rio
Em demanda do abismo. Vem-me a angústia
Do limite que nos antagoniza. Vejo a redoma de ar
Que te circunda – o espaço
Que separa os nossos tempos. Tua forma
É outra: bela demais, talvez, para poder
Ser totalmente minha. Tua respiração
Obedece a um ritmo diverso. Tu és mulher.
Tu tens seios, lágrimas e pétalas. À tua volta
O ar se faz aroma. Fora de mim
És pura imagem; em mim
És como um pássaro que eu subjugo, como um pão
Que eu mastigo, como uma secreta fonte entreaberta
Em que bebo, como um resto de nuvem
Sobre que me repouso. Mas nada
Consegue arrancar-te à tua obstinação
Em ser, fora de mim – e eu sofro, amada
De não me seres mais. Mas tudo é nada.
Olho de súbito tua face, onde há gravada
Toda a história da vida, teu corpo

Rompendo em flores, teu ventre
Fértil. Move-te
Uma infinita paciência. Na concha do teu sexo
Estou eu, meus poemas, minhas dores
Minhas ressurreições. Teus seios
São cântaros de leite com que matas
A fome universal. És mulher
Como folha, como flor e como fruto
E eu sou apenas só. Escravizado em ti
Despeço-me de mim, sigo caminhando à tua grande
Pequenina sombra. Vou ver-te tomar banho
Lavar de ti o que restou do nosso amor
Enquanto busco em minha mente algo que te dizer
De estupefaciente. Mas tudo é nada.
São teus gestos que falam, a contração
Dos lábios de maneira a esticar melhor a pele
Para passar o creme, a boca
Levemente entreaberta com que mistificar melhor a eterna imagem

No eterno espelho. E então, desesperado
Parto de ti, sou caçador de tigres em Bengala
Alpinista no Tibet, monje em Cintra, espeleólogo
Na Patagônia. Passo três meses
Numa jangada em pleno oceano para
Provar a origem polinésica dos maias. Alimento-me
De plancto, converso com as gaivotas, deito ao mar poesia engarrafada, acabo
Naufragando nas costas de Antofagasta. Time, Life e Paris-Match
Dedicam-me enormes reportagens. Fazem-me
O "Homem do Ano" e candidato certo ao Prêmio Nobel.
Mas eis comes um pêssego. Teu lábio
Inferior dobra-se sob a polpa, o suco
Escorre pelo teu queixo, cai uma gota no teu seio
E tu te ris. Teu riso
Desagrega os átomos. O espelho pulveriza-se, funde-se o cano de descarga
Quantidades insuspeitadas de estrôncio-90
Acumulam-se nas camadas superiores do banheiro
Só os genes de meus tataranetos poderão dar prova cabal de tua imensa
Radioatividade. Tu te ris, amiga
E me beijas sabendo a pêssego. E eu te amo
De morrer. Interiormente
Procuro afastar meus receios: "Não, ela me ama..."
Digo-me, para me convencer, enquanto sinto
Teus seios despontarem em minhas rnãos
E se crisparem tuas nádegas. Queres ficar grávida
Imediatamente. Há em ti um desejo súbito de alcachofras.

Desejarias
Fazer o parto-sem-dor à luz da teoria dos reflexos condicionados
De Pavlov. Depois, sorrindo
Silencias. Odeio o teu silêncio
Que não me pertence, que não é
De ninguém: teu silêncio
Povoado de memórias. Esbofeteio-te
E vou correndo cortar o pulso com gilete-azul; meu sangue
Flui como um pedido de perdão. Abres tua caixa de costura
E coses com linha amarela o meu pulso abandonado, que é para
Combinar bem as cores; em seguida
Fazes-me sugar tua carótida, numa longa, lenta
Transfusão. Eu convalescente
Começas a sair: foste ao cabeleireiro. Perscruto em tua face. Sinto-me
Traído, delinqüescente, em ponto de lágrimas. Mas te aproximas
Só com o casaco do pijama e pousas
Minha mão na tua perna. E então eu canto:
Tu és a mulher amada: destrói-me! Tua beleza
Corrói minha carne como um ácido! Teu signo
É o da destruição! Nada resta
Depois de ti senão ruínas! Tu és o sentimento
De todo o meu inútil, a causa
De minha intolerável permanência! Tu és
Uma contrafação da aurora! Amor, amada
Abençoada sejas: tu e a tua
Impassibilidade. Abençoada sejas
Tu que crias a vertigem na calma, a calma
No seio da paixão. Bendita sejas

Tu que deixas o homem nu diante de si mesmo, que arrasas
Os alicerces do cotidiano. Mágica é tua face
Dentro da grande treva da existência. Sim, mágica
É a face da que não quer senão o abismo
Do ser amado. Exista ela para desmentir
A falsa mulher, a que se veste de inúteis panos
E inúteis danos. Possa ela, cada dia
Renovar o tempo, transformar
Uma hora num minuto. Seja ela
A que nega toda a vaidade, a que constrói
Todo o silêncio. Caminhe ela
Lado a lado do homem em sua antiga, solitária marcha
Para o desconhecido – esse eterno par
Com que começa e finda o mundo – ela que agora
Longe de mim, perto de mim, vivendo
Da constante presença da minha saudade
É mais do que nunca a minha amada: a minha amada e a minha amiga
A que me cobre de óleos santos e é portadora dos meus cantos
A minha amiga nunca superável
A minha inseparável inimiga.



Paris,1957
Vinicius de Moraes

21 de abril de 2010

Andei lendo


Andei lendo Carpinejar, é incrível mas parece que de algum modo ele sempre se torna pontual pros meus momentos.

"Liberdade na vida é ter um amor pra se prender"

Tenho um amigo que acha o escritor tedioso...
Devo ser tediosamente ranzinza também, mas gosto destas coisas que encabulam a mente, sem combinar nada com coisa alguma.
Assim bem no meio da noite.
Frase que me rancou um suspiro, assim subitamente. Pensar, pensar e eis que uma frase me tira do sono profundo.
Eis eu de ficar hoje sobre minhas quimeras, e mais outra
madrugada.
Pensando em dois, vivendo um e amanhã volto ao trabalho. Parece que já estive bem mais lírica.
Chega de poesia, até para uma "poetinha", mas é só por hoje.
No mais a arte aí é de Cy Twombly, achei a flor bonita, parece obra do meu filho...tem todo um encanto bem pueril...bom, pelo menos pra mim!
Até amanhã Vida.

Amne

Away From The Sun


It's down to this
I've got to make this life make sense
Can anyone tell what I've done
I miss the life
I miss the colours of the world
Can anyone tell where I am
Cause now again I've found myself so far down
Away from the sun that shines into the darkest place
I'm so far down away from the sun again
Away from the sun again
I'm over this
I'm tired of livin' in the dark
Can anyone see me down here
The feeling's gone
There's nothing left to lift me up
Back into the world I know
And now again I've found myself so far down
Away from the sun that shines into the darkest place
I'm so far down away from the sun
That shines to light the way for me to find my way back into the arms
That care about the ones like me
I'm so far down away from the sun again
It's down to this
I've got to make this life make sense
And now I can't tell what I've done
And now again I've found myself so far down
Away from the sun that shines to light the way for me
And now again I've found myself so far down
Away from the sun that shines into the darkest place
I'm so far down away from the sun
That shines to light the way for me to find my way back into the arms
That care about the ones like me
I'm so far down away from the sun again

"Away From The Sun"
3 Doors Down

20 de abril de 2010

A chave de ontem


"Que são chaves
se nada posso fazer com elas...
se abrem a porta da distância...
se trancam-me num mundo tão triste.

Sem valia ando com elas entre os dedos
esperando a vida passar
e o som da porta ruir num dia de frio com sol...
Salvando o que restou do meu eu."

Amne

"Sem mais, a vida vai passando no vazio
Estou com tudo a flutuar no rio esperando
a resposta ao que chamo de amor"

18 de abril de 2010

Eu.


Diagnóstico: "Inquietação"

15 de abril de 2010

Sobre eu escrever, Bukowski define bem:



"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura."

Bukowski

Pois é!



"Um bom poeta pode fazer uma alma despedaçada voar."

No meio do meu Caminho


Sem mais por hora
te peço apenas fagulhas de alguma
Paz.
Com minhas dores que ninguém faz feliz.
E minha escrita leve das coisas pesadas.

Amne

14 de abril de 2010


" SEI QUE TE AMO COMO ONTEM
SÓ TENHO QUE TE ACOSTUMAR "

(Chico Science)

13 de abril de 2010

Um pouco de Vinicius de Moraes


Que me perdoem se eu insisto neste tema
Mas não sei fazer poema ou canção
Que fale de outra coisa que não seja o amor
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos
Que não usam o coração como expressão
Mas não faz mal, é tão normal ter desamor
É tão cafona, sofredor que eu já nem sei
Se é meninice ou cafonice o meu amor
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos
Que não usam o coração como expressão
Você abusou
Tirou partido de mim, abusou
Tirou partido de mim, abusou
Tirou partido de mim, abusou
Que me perdoem se eu insisto neste tema
Mas não sei fazer poema ou canção
Que fale de outra coisa que não seja o amor
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos
Que não usam o coração como expressão...

12 de abril de 2010

Pensando melhor


Eu sempre pensei que as palavras fossem todas vivas
O que eu não sabia nada
era sobre estar morta
mesmo quando se vive.

Pensei melhor:
Eu quero morrer!
(mas apenas em dias de sol)
Pra encontrar meu firmamento na luz
E poder voar ao lado das borboletas

E que nunca seja noite
Porque eu fico com medo
Mesmo deixando minhas pegadas
no cotovelo da vida.

Amne

Indo embora


Lembrança.
Tão boa...
Daquelas que fazemos com o coração, bem longe da mente.
Lembrança
Que enrolei na seda do infinito.
Com todo o meu cuidado
Cheia de esmero.

Certas coisas...
Coisa mais límpida e legítima
Como um cristal delicado
sem riscos ou imperfeições
Tão cuidado por nós.
Tão raro, tão justo e tão sincero
Forjado com a pureza da verdade.
Do começo ao fim!

Lembrança boa,
que levarei pro meu tempo
Com aqueles dias e noites tão leves
Cheirando à pipoca com Chocolate
Feita de sorrisos e afagos no cabelo

Lembra-se da frase que falava sobre
a felicidade da espera?

Então,
Venhas comigo
em minha memória.
Venhas ser guardado com todo o meu carinho.
Num Adeus colorido
Alegria! Alegria!

Pra ti eu deixo de lembrança
um largo sorriso em meu rosto
um fragmento de minha gratidão
Deixo ainda
O canto direito na cama
Aquele...pelo qual tanto brigamos.
E um desejo enorme de felicidade
pra iluminar tua vida!
Alegria! Alegria!

Porque amizade não é destas coisas
que se encontra na feira de hoje em dia.
Não se compra mesmo ao preço de bananas.
Amizade é pra se carregar pra vida.
Porque é somente nela que encontramos
aconchego pra encorajar nossas utopias.

Adeus, e até qualquer dia.
Te liberto de minha alma.
e pra nós...
Alegria! Alegria!

Amne

Carlos Drummond de Andrade : No meio do caminho.


No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

11 de abril de 2010

Cutucando certezas para cultivar uma cultura anti stress


Fui ao médico dia destes, o cara olhou bem para mim e disse à queima roupa “ que ando com problemas”, é um BIDU! Mandou eu encontrar algo que gosto pra diminuir minha tensão .
Então cá estou, e boa sorte pra nós!
Aí eu meio desanimada abri um jornal, que mais parece uma coluna contemporânea de “Nostradamus “.
Alta tecnologia pra se falar de desgraças, pensei comigo:
“ ai Jesus, mais um pouquinho nossa alma vem com chip...!”
Enquanto isso a galera em Cuba ainda enfrenta suas barreiras pra “acessar o mundo”, contraditório não seria, porque enquanto isso acontece, tem gente sendo latifundiário Virtual (que piada).Mas pasmem é verdade, as fazendas toscas dos sites de relacionamentos hoje movimentam cerca de 100 milhões de dólares ao ano...que retrocesso cerebral, os Australopithecus devem sentir raiva, pra que tanta evolução?
O mundo está mesmo contraditório até pra roda da vida, parece que faltam nem que sejam “segundos” de sabedoria.
Vivemos o futuro antes do futuro chegar, e o presente quem vive?
Na televisão eu vi dia destes uma propaganda onde a mulher mandava cuidar da “Flora” da “fauna” RS do intestino fora de casa, pensei comigo “Que droga, porque não falam para cuidar da fauna da Amazônia !?!”
”Quem cuida disso afinal?!Prioridades?
É dengue, tragédias ambientais(veja No Rio esta semana)...e ainda tem gente perdendo tempo com 2012.Chamo físicos,cientistas e afins pra declamarem a data para se acabar com a fome.
A gente anda vivendo meio “retrospectiva de final de ano da televisão”, um monte de informação, imagens jogadas em menos de um minuto...no final a gente não carrega nada, nem o rosto de quem amamos.Memória fraca?
E assim a vida segue.
Fiquei pensando na falta de cultura, porque as pessoas correm tanto e nem aprendem mesmo nadinha, (e olha que li que nosso cérebro aprende até dormindo).Acho que a tecnologia de certa forma desamplia relacionamentos. Pra se brigar com alguém hoje é mais fácil marcar hora no Messenger...Tá uma droga esta vida moderna, porque as facilidades tecnológicas parecem nos levar pro tal buraco negro perdido na dimensão de nós...aquele que os cientistas tanto estudam.
Voltando pra cultura, pensei em educação (são parentes!), pensei no Brasil, este país sem educação.Encontrei até uma saída pra minimizar os danos “ O ideal seria, como saída imediatista, colocar os filhos dos nossos governantes na rede pública de ensino. Já imaginaram?”...boa...
Putz, tantas são as lutas que ainda temos neste caminho tortuoso de humanidade, como diria o poeta, bem desumana...chega ser degradante pensar muito.
Na próxima vida pretendo vir vaga-lume pra acender a “bunda” e ainda voar...parece fácil? Nada ...estão sendo extintos por conta da poluição e degradação sem fim...vamos e vamos andando pra trás ...
A anti evolução pra que tenham uma idéia é tanta, que tem um lugar no mundo que se chama Orânia, ( que fica na África do sul, um Apartheid moderninho)onde só tem gente “Fina”, RS, lá o povoado é 100% branco ...defendem isto.
Agora imaginem comigo a placa do lugar “Seja bem vindo se você for branco” aaaaa vahhh, e nós aqui fazendo feira de tecnologia, criando robôs sentimentais (é sério foi criado um pelos árabes...).
Pelo amor de DEUS! Estes dias vi que Alice agora vem em 3D, Tim Burton que me perdoe, gosto do bom e velho filminho, ingênuo ...tradicional...porque estes tecnológicos são massa, incríveis, mas cadê o charme?
Mais um pouco comeremos ração humana no cinema...tchau pipoquinha!Mando lembranças...
Credo, este mundo nos coloca (me coloca hahahah) em cada questionamento...
É “Avatar” (pobre Chaplin), é coelho sendo queimado pra fabricação de bicombustível.Onde vamos parar? Vamos parar?
Mais um pouco a gente começa a matar pessoas pra fabricar hambúrguer.
Meu Deus do céu, tem gente achando bacana se tornar militante contra xiita...mó febre ser terrorista (e olha que como “moda” deve durar pouco).
Sociedad de mierda!
Bizarro!
As vezes sinto é saudade das cores primárias que a professora ensinava nas manhas sutis, aquela coisa bairrista da infância.Hoje as crianças acessam o Google Earth...e tem medo de minhoca!
Vivemos a política do “foi mal”, dá uma saudade das velhas e boas “desculpas”...aquela política de se pensar nos demais.O sistema que criamos pra nós, sei lá viu...individualista ao extremo, nos colocará em 2012...é o CAOS.
Queria pensar em coisas mais simples, como o por que dos gatos ronronarem, mas não tem jeito não.Nossa preocupação como filhos da tecnologia tá mais para “pílulas de inteligência”, “Vida artificial”, “casas multigeracionais”,e como “gerar demanda” e blá e blá e blá...
O médico estava errado, Tô stressada novamente RS
Vou dormir tchau, porque a vida moderna nos dá pílulas do conforto e nos aproxima do equilíbrio do Batman!
Boa noite!
Amne

6 de abril de 2010

Feita por um amigo ...delicada poesia!

MENINA
Fascinante é o seu sorriso,
Arrebata sem aviso,
Seu olhar tem brejeirice,
Doçura e meninice.

Conquista mesmo sem querer,
Creio que até sem perceber,
Invade e ocupa rapidamente,
Apaixona e nem sente.

Pensar em você é uma constante,
Preenche todo e qualquer instante,
É sonho, é alegria contagiante.

Preciso de seu carinho tanto e tanto,
Que é difícil precisar o quanto,
Estou entregue e preso ao seu encanto.

Poeta FABRÍCIO MOHAUPT

Estrelas


Guardei de fato nossa vida
Dentro daquela velha caixa de sapatos
Caixa feita com a proporção do infinito
Todo aquele universo de nós dois

Não queria eu falar-lhe
Assim, por intermédio do tempo
Queria eu falar-lhe através do vento
E daquele planetinha onde quase fomos morar

Disseram-me dia desses
"Eis um mundo inteiro!"
devotei-me aquela frase
Embora por hoje, e só hoje
Seja eu um mundo vazio.


Amne

5 de abril de 2010

Impróprio.


Foram precisos anos
Capins secos
fotos velhas
Velhos planos e alguns danos

Foi preciso um milhão de lágrimas
e mais meia dúzia de sorrisos

Foram precisos desencontros
Desenganos
Descompassos
Vaidade
E até palidez nas cores

Foram precisas tristezas insolúveis
Foram precisos corpos patológicos
Mais alguns martírios

Foi preciso interro de flor
E funerais chuvosos de pedra
Foram precisos muros
Cercas, e sementes híbridas

Foram precisos filmes e cicatrizes
Foram precisos outonos e primaveras
E também o último iverno

Foram precisas inúmeras vertentes
E procuras indiferentes, solitárias.

Foram precisas sombras
de uma montanha
Foram precisas notas de adeus
E algumas expectativas

E mesmo assim
tudo continua inacabado.

Amne

No Passado do futuro


"Que fé é esta?
Que fio de esperança é este
que mora em mim?
Por que?"
Amne

3 de abril de 2010




Sou o resultado da burrice do dia, e
...da última década,
e de uma vida inteira...
Amne

2 de abril de 2010

Uma gentileza


As vezes eu penso.
As vezes sei lá...
Tantos são os nós
Desta vã jornada triste
Entre sonhos, todo o mal dos santos

O conformismo dos cínicos da madrugada
O caos da cura que não se tem
Nem mesmo na cruz do altar

A presença da ausência do sentir tudo outra vez
Entre as noites que ansiavam não ter mais fim
As vezes sei lá...
Me faço e refaço em cada defeito grandioso
Calco no vazio todos os nós
Dados por nós num dia que já se perdeu
Aquele dia sem fim
Feito de loucos e de nós

Tudo aquilo
A manipulação da vida em suspiros, olhares
seres.
A cura pra doença tanta
A distância entre se ter
Ao menos mais um pouquinho...
Marcas que culminam em cicatrizes belas
O futuro do nunca mais.
Amne

1 de abril de 2010

Mal me quer


"O que eu perdi afinal...
senão desamor."
Amne

Teu Pragmatismo


Agora que a vida se espalha
e tudo tem gosto de palha,
compreendo aqueles lamentos antigos,
que mencionava.

Quando a vida se espalha
os pedaços não se encaixam,
tudo é tão pouco.
Compreendo enfim aqueles teus lamentos antigos,
Aqueles que mencionava.

Quando a vida se espalha
nos bolsos as migalhas de sonho
nas mãos a secura das lágrimas
Então eu compreendo.
Fica tão claro, teus lamentos antigos,
pragmáticos, e sem futuro...

Aqueles...
que você mencionava,
no começo
deste fim.

Amne

29 de março de 2010

Atrasada


Enquanto cresço pra fora
A parte de dentro chora
Pensei em morrer hoje...
Mas hoje, tenho tanto à fazer

Das punições secretas
Os sonhos perdidos.

Dei para escrever sobre o tempo
Dei para caminhar parada
Fico eu aqui
Transmutando a falta do sentir

Queria eu viver o vão momento das tardes
alaranjadas com rosa...
Queria eu dar a volta ao mundo.

Enquanto respiro, sigo mais uma vez
Porque vim duma casa pequena
com vontades profundas
Gritei.
Fiz planos...

Doente, com sede de vida
Preparo descalça meus amanhãs.

Amne

26 de março de 2010

Não tinha, nem lembro, sei lá


Outro dia
num dia desses...
fiz um texto.

Meio vazio
Meio pouco
Meio incoerente

Com restos de gramática
que alguém jogou fora

eu danada e moleca
tomei pra mim...

Não tinha nada
nem pé nem cabeça!
Era só coração.
Amne

Átomo Vazio


Que pessoinha
Tosca
Pobre
Inha...
Sem sonhos
Sem metas
Sem realização alguma
Passa pela vida passa
Pequeno
Incipiente
Invólucro ausente de nada
Pra nada
A farsa do fracasso
O fracasso propriamente dito e Palpável!
Que coizinha
Mais sem chão
Mais sem céu
Estruturinha
Menor que um átomo vazio...
Ai...falta a distância
...que pena oh Deus!
Apenas uma
Poeira num sapato velho...
Amne

23 de março de 2010

Menina mulher ou mulher menina?


Só uma menina que eu conheço...

Eu conheço uma menina
Que de tão doce andou fazendo doçuras
Que tão pequena andou sendo grande
Que agora acha que merece.

Que de tão triste fabricou lágrimas que se transformaram em chuva
Que não tem certeza de nada
Que tem medo de quase tudo!
(inclusive dos pormenores)

Que adora achar desenhos nas nuvens
Sem mencionar os doces de maracujá
E brigadeiro de panela , com o
Cheiro de canela ...
daquele bolinho que o menino tanto almeja quando chove.

Que agora faz borboletas dançarem em estômagos por aí
E nem toca mais no chão quando anda
Que adora caixinhas para poder guardar sonhos
Que ama o lápis número dois da Faber
Que acorda de mal humor ( mas ele vira sorriso em seguida)
Que adora delicadezas e carinhos
Que é rabugenta e sistemática, porque o caderno tem um padrão!
Que gosta de gente estranha
E tardes ensolaradas
(sem falar do vento...ah o vento...)

Que canta sem saber a letra
Que dança mesmo caindo às vezes
Que adora hora certa e local combinado
Que prefere não crescer por medo da dor

Que não aprendeu como ser “gente normal”
Que adora pintar os olhos e as unhas do pé
Que lê Quintana como parte da família
Que ri sem ter motivo
(Ficando vermelha depois...claro)

Que adora joaninha
E morder pés que ainda não cresceram
Que não gosta de quiabo
Nem de bananada...
Que se preocupa com o futuro
( do planeta também ...sem falar nos seres)

Que não se parece com nada, e provavelmente nem se parece com ninguém
E tem medo do “monstro” barata e suas antenas
Que procura tatu bola
E gosta de sorvete de limão
Que briga em palanques
(Mesmo sem saber a motivação, com seu ímpeto desenfreado e sede sabe lá Deus do quê...)

Que se indigna com pouco
E não tolera injustiças!
Que se esquece de tudo...com aquela suavidade de quem dorme e acorda tarde.

Mas carrega pessoas no bolso
Que odeia a louça na pia, mas adora brinquedo no chão
Que não sabe passar roupa
Que explode bolos,
Mas faz um “menino” como ninguém.

Que se perde dentro dela toda hora
Que tem problemas com nomes e datas
( sem falar nos botões)
Que adora desenho animado
E ri muito cada vez que o “pica pau” sobe no “pé de pano”
Que é criança por opção, menina por dedicação e mulher por pura necessidade
Que não sabe onde é o norte
Mas anda se equilibrando no meio fio

Que odeia tanto...
E que as vezes ama também, mesmo entre as raridades de quem nada vê

Eu conheço uma menina que se "pinica" até nas pétalas das flores
E que é capaz de furar pessoas com um único olhar
Que não gosta do errado!
Que gosta de cheiro bom
E de toque macio.
Que cresceu para dentro e coleciona amigos.
Neles se enxerga como parte integrante.

Que confia muito pouco
E mesmo assim se entrega em tudo
Como a entrega dos “mortos”

Que roeu unhas por ansiedade
E pintou a boca por vaidade

Eu conheço uma menina que
também pode ser personagem de filme
Aquele de lata, porque nesta menina às vezes mora o vazio
( mesmo um vazio tão cheio)

Eu conheço uma menina ...
que quase não cabe mais dentro dela,
Que dobra a alma todo dia para que caiba no corpo!
( e pretende aprender à voar...)

Uma menina feita de sonhos, fracassos, conquistas
Feita de nuvem e de chão.
Feita de ar.
Feita de ilusão.

Uma menina com a força de uma pluma
e a vontade de um trovão.
apenas uma menina que eu conheço...e reconheço no espelho pela manhã...
pra quem eu digo Bom Dia,
e garanto que no final vai dar tudo certo!

Porque ela é só uma menina
que fala preguiçoso logo cedo bem cedinho,
e canta leve pros anjos dormirem...
Amne

Tristisse


" E chove sem saber por quê...
E tudo foi sempre assim!"
Mario Quintana

17 de março de 2010


Sou cego de tanta luz
passarinho do teu vento
prisioneiro do infinito!
Camperon

15 de março de 2010


É tão difícil...
porque as vezes eu não sinto nada!
Amne

14 de março de 2010

Continuo aqui imóvel.


Enquanto falo bobagens
reciclo minha vontade
e a coragem que sobrou dos dias
que não chegaram
Então eu canto dentro do baú vazio de fotos antigas...
Desbotadas pelo tempo que não passou
nem passa aqui dentro do meu peito.

Vive assim... preso no esquecimento
Naquele canto onde o canto da lembrança
me acorda
e pede mais
...simples.

E os dias que não chegam
E a onda que não quebra
E a vida que não toca...
Continuo aqui imóvel.
embora hoje, eu estivesse olhando pro céu...

Amne

11 de março de 2010


Inventário
Carlos Drummond de Andrade

Que fiz de meu dia?
Tanta correria.

E que fiz da noite?
O lanho do açoite.

Da manhã, que fiz?
Uma cicatriz.

Bolas, desta vida
que lembrança lida,

cantada, sonhada,
ficará do nada

que fui eu, cordato?
Mancha no retrato...

7 de março de 2010

Ocupado


"Veio me mostrar vida.

Agora vivo sem vida

Perdida sem céu
Sem chão

Como se fosse normal não ser nada..."
Amne

Pesadelo


Tô cansada da minha intensidade pouca
Deste meu mundo vazio
Dos poços que escavei pro petróleo
Que escorre dos meus olhos...

Com esta minha boca ansiada de adeus
Dentro do planeta moinho
E do sonho pro acaso.

Cada um vive o seu mundo...
Cada procura é insana
Na medida da crença do que vai acontecer.
Ou de tudo aquilo que permitiremos acontecer.
Amne

5 de março de 2010

Palavra é um gesto


Até quando?

Porque não amo nem de mais
Não amo de menos
Parece que amo.

Amo na medida das coisas...
Parece que passarei esta vida
dentro do cazulo

Tentando ser livre
livre do amar!

se um dia a ciência mudar o rumo
da prosa
da vida
do dia...
quem sabe?

Aí eu deixo de amar
sendo pedaço...
com parte faltando.

Amne

3 de março de 2010

Que diria Pandora?


Tenho uma alma leve e triste
Tenho tristezas
Nenhuma alegria
Possuo lembranças
Possuo um rumo sem norte
Um corte que sangra no silêncio

Não tenho nada de mais
E de menos eu já possuía

Tive planos num certo tempo
num certo dia
Hoje percorro minha face
E
Olho singela pra tristeza do dia
do dia de hoje
do agora
instante sem fim...

Desvaneço.
Desfaço, e cresço
Pra onde?

A esperança morreu...
eu à matei com minhas próprias mãos.


Amne

23 de fevereiro de 2010


Hoje tenho a alma inquieta!
Amne

22 de fevereiro de 2010

Interesses


Interesse(s)

Eu sinto tanto ...
Quase que não sinto mais nada
Como se eu estivesse em uma ópera morna

O pote cheio de rachaduras esmigalhou-se na ventania
Dos meus dias

Ofertam-me corações
Risos e paixões
Como chuvas no verão
Sem peso
Sem emoção

Sorrio triste sem norte
Tudo é tão pouco
Hoje, e desde sempre

Sou a única esperança que possuo
Na trajetória que começou sem fim
Das coisas mais belas,
A infinita e inanimada perdição
em meu caminho.

Amne

14 de fevereiro de 2010

Oposto


Normal não é amar!

Amor é ímpar!
É insano
Não pondera
Não norteia
desorientando o caminho...

Amor é isso!
Espera.
Despreendimento.
Amor é sonho,
O encontro do desencontro.

Amne

6 de fevereiro de 2010

Nem precisa falar...


O meu corpo dorme
Conversando com as vontades e as tristezas do dia
Falando baixinho no ouvido de quem lê
Sobre magias e feitiços das coisas mais sutis e
De sonhos que andei perdendo no caminho
Como faíscas de pão ao vento
Das idéias que contornam as adversidades do amanhecer
Das frustrações nas alegrias
Nada mais precisa ser dito, com o corpo inundado pela
Força de se viver, e uma esperança teimosa
Que mora em meu olhar...
Amne

26 de janeiro de 2010



Falam da complexidade de existir!
Retruco eu:
A solidão é de uma simplicidade...
Amne

25 de janeiro de 2010

Sunday morning


Brincar com a vida
brincar com olhos, olhares e sorrisos
brincar com os lugares dos sonhos
brincar com a ironia de existir
(apesar de tudo isso)

Redimindo os medos
nas celas prisioneiras
A felicidade abstrata
de um dia a dia fantasiado
numa folha de papel...

A espera da última gota do oceano.
A fuga da impossibilidade desta Terra.
Num planeta solitário
de um vago devaneio eterno.
O temor de sentir
O temor de não sentir
O mesmo caminho vindo, indo e foi

A coleção de dores quase moles
quase nossas
quase verdadeiras...

A fuga do reencontro.
A espera por novos dias
Uma imagem antiga
incomodando o sono
aquele de se sentir.

coisas das manhãs de domingo
calmas
rancorosas
cheias
do vazio que sobrou...
na sobra do meu peito.
Amne

24 de janeiro de 2010





"Doi-me a cabeça e o Universo"
Fernando Pessoa

Nova impressão pra vida


A miséria de um homem
Na artéria da vida
Me incomoda, me irrita
Como os últimos mil anos
Que vivi ontem.

A vida descompasso, com os passos que passaram
A sensação fria da areia que alcança meu pescoço.
Da falta!
Do tédio!
Da solidão!

Daquilo que acabou com o meu “descabelado” natural
Quebrando o pau com o espelho, e a minha própria loucura
Cheia da genuína raiva que andei fabricando
Entre lágrimas ácidas e olhos vendados

Não quero mais ventos...
...anseio tempestades!
Não mais as luas ensolaradas...
...prefiro o calor dos vulcões!
Não mais as portas e janelas...
...quero passos na estrada!
Quero a ira da fé!
E chuvas gélidas pra banhar-me ao amanhecer...
Chega desta miséria que constitui almas.
Eu não aguento mais.
Não quero mais pensar
...quero apenas dormir hoje
e um dia acordar...

Eu preciso de mais loucura
Eu preciso de mais teatros no meio da rua
Eu preciso de silêncio no vento
Eu preciso de um bloco em branco
Eu preciso escrever música ...e cantar.
Eu preciso viver, e chorar só de alegria.
Eu quero me assustar mais vezes.

Estou indo embora de mim mesma
E é pra sempre!
Estou com saudade das coisas imperfeitas e sua indivisível perfeição!
Estou reconhecendo quem já fui...
Adeus!

Amne

23 de janeiro de 2010

Ainda vivo e morro disso



"Ainda vou viver poesia.
Ainda vou.
Viver, uma vida de saber o que sou
e onde vou dar...vai dar...poesia
poema pequeno
de pouco contingente
de gente que nem me vê."
Amne

22 de janeiro de 2010

Muito parecido com o meu


"Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.

Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.

Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:

O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta
."

Clarice Lispector

Tempestades de bonança


Arregaçando as mangas e a alma
O que é que sobra?
Um futuro vazio de urgências morosas
Na estrada dos tijolos amarelos
Onde já nada se sente
Com mãos e suor petrificados pelo vento e a tempestade
Que matou a plantinha seca no vaso...

Que agora separa os cacos por ordem de tamanho
E remenda os buracos na face
Dança pras agonias que a noite trás...
Surpresa pelo mundo apenas girar
Girar e girar
Num eixo só.

Impaciente com tanta paz
Inconveniência do tudo sentir
Até quando medo vira bonança
E vida, surpresa trazida enrolada em presente pequenininho...
Dedilhando vagamente sobre os dias tão novos.
Amne