29 de março de 2010

Atrasada


Enquanto cresço pra fora
A parte de dentro chora
Pensei em morrer hoje...
Mas hoje, tenho tanto à fazer

Das punições secretas
Os sonhos perdidos.

Dei para escrever sobre o tempo
Dei para caminhar parada
Fico eu aqui
Transmutando a falta do sentir

Queria eu viver o vão momento das tardes
alaranjadas com rosa...
Queria eu dar a volta ao mundo.

Enquanto respiro, sigo mais uma vez
Porque vim duma casa pequena
com vontades profundas
Gritei.
Fiz planos...

Doente, com sede de vida
Preparo descalça meus amanhãs.

Amne

26 de março de 2010

Não tinha, nem lembro, sei lá


Outro dia
num dia desses...
fiz um texto.

Meio vazio
Meio pouco
Meio incoerente

Com restos de gramática
que alguém jogou fora

eu danada e moleca
tomei pra mim...

Não tinha nada
nem pé nem cabeça!
Era só coração.
Amne

Átomo Vazio


Que pessoinha
Tosca
Pobre
Inha...
Sem sonhos
Sem metas
Sem realização alguma
Passa pela vida passa
Pequeno
Incipiente
Invólucro ausente de nada
Pra nada
A farsa do fracasso
O fracasso propriamente dito e Palpável!
Que coizinha
Mais sem chão
Mais sem céu
Estruturinha
Menor que um átomo vazio...
Ai...falta a distância
...que pena oh Deus!
Apenas uma
Poeira num sapato velho...
Amne

23 de março de 2010

Menina mulher ou mulher menina?


Só uma menina que eu conheço...

Eu conheço uma menina
Que de tão doce andou fazendo doçuras
Que tão pequena andou sendo grande
Que agora acha que merece.

Que de tão triste fabricou lágrimas que se transformaram em chuva
Que não tem certeza de nada
Que tem medo de quase tudo!
(inclusive dos pormenores)

Que adora achar desenhos nas nuvens
Sem mencionar os doces de maracujá
E brigadeiro de panela , com o
Cheiro de canela ...
daquele bolinho que o menino tanto almeja quando chove.

Que agora faz borboletas dançarem em estômagos por aí
E nem toca mais no chão quando anda
Que adora caixinhas para poder guardar sonhos
Que ama o lápis número dois da Faber
Que acorda de mal humor ( mas ele vira sorriso em seguida)
Que adora delicadezas e carinhos
Que é rabugenta e sistemática, porque o caderno tem um padrão!
Que gosta de gente estranha
E tardes ensolaradas
(sem falar do vento...ah o vento...)

Que canta sem saber a letra
Que dança mesmo caindo às vezes
Que adora hora certa e local combinado
Que prefere não crescer por medo da dor

Que não aprendeu como ser “gente normal”
Que adora pintar os olhos e as unhas do pé
Que lê Quintana como parte da família
Que ri sem ter motivo
(Ficando vermelha depois...claro)

Que adora joaninha
E morder pés que ainda não cresceram
Que não gosta de quiabo
Nem de bananada...
Que se preocupa com o futuro
( do planeta também ...sem falar nos seres)

Que não se parece com nada, e provavelmente nem se parece com ninguém
E tem medo do “monstro” barata e suas antenas
Que procura tatu bola
E gosta de sorvete de limão
Que briga em palanques
(Mesmo sem saber a motivação, com seu ímpeto desenfreado e sede sabe lá Deus do quê...)

Que se indigna com pouco
E não tolera injustiças!
Que se esquece de tudo...com aquela suavidade de quem dorme e acorda tarde.

Mas carrega pessoas no bolso
Que odeia a louça na pia, mas adora brinquedo no chão
Que não sabe passar roupa
Que explode bolos,
Mas faz um “menino” como ninguém.

Que se perde dentro dela toda hora
Que tem problemas com nomes e datas
( sem falar nos botões)
Que adora desenho animado
E ri muito cada vez que o “pica pau” sobe no “pé de pano”
Que é criança por opção, menina por dedicação e mulher por pura necessidade
Que não sabe onde é o norte
Mas anda se equilibrando no meio fio

Que odeia tanto...
E que as vezes ama também, mesmo entre as raridades de quem nada vê

Eu conheço uma menina que se "pinica" até nas pétalas das flores
E que é capaz de furar pessoas com um único olhar
Que não gosta do errado!
Que gosta de cheiro bom
E de toque macio.
Que cresceu para dentro e coleciona amigos.
Neles se enxerga como parte integrante.

Que confia muito pouco
E mesmo assim se entrega em tudo
Como a entrega dos “mortos”

Que roeu unhas por ansiedade
E pintou a boca por vaidade

Eu conheço uma menina que
também pode ser personagem de filme
Aquele de lata, porque nesta menina às vezes mora o vazio
( mesmo um vazio tão cheio)

Eu conheço uma menina ...
que quase não cabe mais dentro dela,
Que dobra a alma todo dia para que caiba no corpo!
( e pretende aprender à voar...)

Uma menina feita de sonhos, fracassos, conquistas
Feita de nuvem e de chão.
Feita de ar.
Feita de ilusão.

Uma menina com a força de uma pluma
e a vontade de um trovão.
apenas uma menina que eu conheço...e reconheço no espelho pela manhã...
pra quem eu digo Bom Dia,
e garanto que no final vai dar tudo certo!

Porque ela é só uma menina
que fala preguiçoso logo cedo bem cedinho,
e canta leve pros anjos dormirem...
Amne

Tristisse


" E chove sem saber por quê...
E tudo foi sempre assim!"
Mario Quintana

17 de março de 2010


Sou cego de tanta luz
passarinho do teu vento
prisioneiro do infinito!
Camperon

15 de março de 2010


É tão difícil...
porque as vezes eu não sinto nada!
Amne

14 de março de 2010

Continuo aqui imóvel.


Enquanto falo bobagens
reciclo minha vontade
e a coragem que sobrou dos dias
que não chegaram
Então eu canto dentro do baú vazio de fotos antigas...
Desbotadas pelo tempo que não passou
nem passa aqui dentro do meu peito.

Vive assim... preso no esquecimento
Naquele canto onde o canto da lembrança
me acorda
e pede mais
...simples.

E os dias que não chegam
E a onda que não quebra
E a vida que não toca...
Continuo aqui imóvel.
embora hoje, eu estivesse olhando pro céu...

Amne

11 de março de 2010


Inventário
Carlos Drummond de Andrade

Que fiz de meu dia?
Tanta correria.

E que fiz da noite?
O lanho do açoite.

Da manhã, que fiz?
Uma cicatriz.

Bolas, desta vida
que lembrança lida,

cantada, sonhada,
ficará do nada

que fui eu, cordato?
Mancha no retrato...

7 de março de 2010

Ocupado


"Veio me mostrar vida.

Agora vivo sem vida

Perdida sem céu
Sem chão

Como se fosse normal não ser nada..."
Amne

Pesadelo


Tô cansada da minha intensidade pouca
Deste meu mundo vazio
Dos poços que escavei pro petróleo
Que escorre dos meus olhos...

Com esta minha boca ansiada de adeus
Dentro do planeta moinho
E do sonho pro acaso.

Cada um vive o seu mundo...
Cada procura é insana
Na medida da crença do que vai acontecer.
Ou de tudo aquilo que permitiremos acontecer.
Amne

5 de março de 2010

Palavra é um gesto


Até quando?

Porque não amo nem de mais
Não amo de menos
Parece que amo.

Amo na medida das coisas...
Parece que passarei esta vida
dentro do cazulo

Tentando ser livre
livre do amar!

se um dia a ciência mudar o rumo
da prosa
da vida
do dia...
quem sabe?

Aí eu deixo de amar
sendo pedaço...
com parte faltando.

Amne

3 de março de 2010

Que diria Pandora?


Tenho uma alma leve e triste
Tenho tristezas
Nenhuma alegria
Possuo lembranças
Possuo um rumo sem norte
Um corte que sangra no silêncio

Não tenho nada de mais
E de menos eu já possuía

Tive planos num certo tempo
num certo dia
Hoje percorro minha face
E
Olho singela pra tristeza do dia
do dia de hoje
do agora
instante sem fim...

Desvaneço.
Desfaço, e cresço
Pra onde?

A esperança morreu...
eu à matei com minhas próprias mãos.


Amne

23 de fevereiro de 2010


Hoje tenho a alma inquieta!
Amne

22 de fevereiro de 2010

Interesses


Interesse(s)

Eu sinto tanto ...
Quase que não sinto mais nada
Como se eu estivesse em uma ópera morna

O pote cheio de rachaduras esmigalhou-se na ventania
Dos meus dias

Ofertam-me corações
Risos e paixões
Como chuvas no verão
Sem peso
Sem emoção

Sorrio triste sem norte
Tudo é tão pouco
Hoje, e desde sempre

Sou a única esperança que possuo
Na trajetória que começou sem fim
Das coisas mais belas,
A infinita e inanimada perdição
em meu caminho.

Amne

14 de fevereiro de 2010

Oposto


Normal não é amar!

Amor é ímpar!
É insano
Não pondera
Não norteia
desorientando o caminho...

Amor é isso!
Espera.
Despreendimento.
Amor é sonho,
O encontro do desencontro.

Amne

6 de fevereiro de 2010

Nem precisa falar...


O meu corpo dorme
Conversando com as vontades e as tristezas do dia
Falando baixinho no ouvido de quem lê
Sobre magias e feitiços das coisas mais sutis e
De sonhos que andei perdendo no caminho
Como faíscas de pão ao vento
Das idéias que contornam as adversidades do amanhecer
Das frustrações nas alegrias
Nada mais precisa ser dito, com o corpo inundado pela
Força de se viver, e uma esperança teimosa
Que mora em meu olhar...
Amne

26 de janeiro de 2010



Falam da complexidade de existir!
Retruco eu:
A solidão é de uma simplicidade...
Amne

25 de janeiro de 2010

Sunday morning


Brincar com a vida
brincar com olhos, olhares e sorrisos
brincar com os lugares dos sonhos
brincar com a ironia de existir
(apesar de tudo isso)

Redimindo os medos
nas celas prisioneiras
A felicidade abstrata
de um dia a dia fantasiado
numa folha de papel...

A espera da última gota do oceano.
A fuga da impossibilidade desta Terra.
Num planeta solitário
de um vago devaneio eterno.
O temor de sentir
O temor de não sentir
O mesmo caminho vindo, indo e foi

A coleção de dores quase moles
quase nossas
quase verdadeiras...

A fuga do reencontro.
A espera por novos dias
Uma imagem antiga
incomodando o sono
aquele de se sentir.

coisas das manhãs de domingo
calmas
rancorosas
cheias
do vazio que sobrou...
na sobra do meu peito.
Amne

24 de janeiro de 2010





"Doi-me a cabeça e o Universo"
Fernando Pessoa

Nova impressão pra vida


A miséria de um homem
Na artéria da vida
Me incomoda, me irrita
Como os últimos mil anos
Que vivi ontem.

A vida descompasso, com os passos que passaram
A sensação fria da areia que alcança meu pescoço.
Da falta!
Do tédio!
Da solidão!

Daquilo que acabou com o meu “descabelado” natural
Quebrando o pau com o espelho, e a minha própria loucura
Cheia da genuína raiva que andei fabricando
Entre lágrimas ácidas e olhos vendados

Não quero mais ventos...
...anseio tempestades!
Não mais as luas ensolaradas...
...prefiro o calor dos vulcões!
Não mais as portas e janelas...
...quero passos na estrada!
Quero a ira da fé!
E chuvas gélidas pra banhar-me ao amanhecer...
Chega desta miséria que constitui almas.
Eu não aguento mais.
Não quero mais pensar
...quero apenas dormir hoje
e um dia acordar...

Eu preciso de mais loucura
Eu preciso de mais teatros no meio da rua
Eu preciso de silêncio no vento
Eu preciso de um bloco em branco
Eu preciso escrever música ...e cantar.
Eu preciso viver, e chorar só de alegria.
Eu quero me assustar mais vezes.

Estou indo embora de mim mesma
E é pra sempre!
Estou com saudade das coisas imperfeitas e sua indivisível perfeição!
Estou reconhecendo quem já fui...
Adeus!

Amne

23 de janeiro de 2010

Ainda vivo e morro disso



"Ainda vou viver poesia.
Ainda vou.
Viver, uma vida de saber o que sou
e onde vou dar...vai dar...poesia
poema pequeno
de pouco contingente
de gente que nem me vê."
Amne

22 de janeiro de 2010

Muito parecido com o meu


"Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.

Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.

Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:

O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta
."

Clarice Lispector

Tempestades de bonança


Arregaçando as mangas e a alma
O que é que sobra?
Um futuro vazio de urgências morosas
Na estrada dos tijolos amarelos
Onde já nada se sente
Com mãos e suor petrificados pelo vento e a tempestade
Que matou a plantinha seca no vaso...

Que agora separa os cacos por ordem de tamanho
E remenda os buracos na face
Dança pras agonias que a noite trás...
Surpresa pelo mundo apenas girar
Girar e girar
Num eixo só.

Impaciente com tanta paz
Inconveniência do tudo sentir
Até quando medo vira bonança
E vida, surpresa trazida enrolada em presente pequenininho...
Dedilhando vagamente sobre os dias tão novos.
Amne

15 de janeiro de 2010


"Sofrer dói tanto que não há tempo de sentir...
Arranque meu coração com as mãos, mas não toque
na parte mais bela do meu peito!"
Amne

12 de janeiro de 2010

A gota do veneno na longa hora de morrer


O que temos sobre a mesa, senão
Um jogo de baralho gasto e desfalcado
E devaneios tortos de uma causa injusta...
Nunca escreverei sobre este jardim com peças mortas,
pessoas mudas...onde se torturam crianças!
O meu mundo entre escadarias contrárias se desfez
em partículas macro estruturadas de nada
Escavei pilares em geléia doce e incrivelmente doentia no efeito
Efêmero da dor doida e rancorosa de ontem
Onde nasceram flores tristes
Pra nunca mais crer
Pra nunca mais acontecer e voltar num tempo que sequer existiu
Abraçada as dores
Enrolada as angustias
E coroada por lágrimas de sal...
Sigo, fico e vou
Por falta de opção das palavras!
Na hora da morte sem fim.
Amne

9 de janeiro de 2010

Namastê


Estou cansada hoje, e parei pra pensar o que de fato me motivaria a seguir:
“Um dia tive no ventre um coração intruso, pequeno intruso.”
De fato coisas e situações mudam...mas o amor que dele brotou, não.
Eu me orgulho muito do “ser” meio eu... que fiz na barriga, e o fato dele existir muda tudo.
O meu amanhã está densamente nublado, o hoje envolto as tempestades...mas o motivo é claro para seguir.
O anjo da guarda que “cuida de mim, feito de mim, pra mim”...disse: O que é namastê?
Respondi ...É O QUE SINTO POR VOCÊ.
Amne

7 de janeiro de 2010

Repensando

Encontrei um diário meu hoje, datado de 1996 até o ano de 2000.
Parece que foi ontem, e eu nem sabia que tanto já escrevi na vida.
Encontrei um poema chamado "Kosovo" e seus refugiados.


"Mãos armadas de sangue
Um ódio santo, camuflado de dor
Triste como um pássaro em chamas
Sem canto...em lágrimas.

Desigualdade na dor,
de fé,
de "poder".
Poder sentir dor.

PODER
Armado que mata
corrompendo a carne
nos espíritos que se perdem
...dos que matam.

Mata-se o amor nos olhos das crianças tristes
Esquece-se de Deus pisando-se nas flores.
Armando os involuntários à maldade
...dos homens.

Véus nas faces!Negros...
faces das faces da vergonha
Racionais?
Que somos, observando.
Silêncio no céu
E "paz na Terra aos homens de boa vontade"
Vida aos anjos descalços na neve vermelha..."

Amne 1999.

Pra pensar

"O sistema é mau, mas minha turma é legal
Viver é foda, morrer é difícil
Te ver é uma necessidade
Vamos fazer um filme
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
Sem essa de que: "Estou sozinho."
Somos muito mais que isso
Somos pingüim, somos golfinho
Homem, sereia e beija-flor
Leão, leoa e leão-marinho
Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito
Chega de opressão:

Quero viver a minha vida em paz
Quero um milhão de amigos
Quero irmãos e irmãs
Deve de ser cisma minha
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta
E no meio de uma depressão
Te ver e ter beleza e fantasia.


Renato Russo

5 de janeiro de 2010

Mosaico



A única necessidade existencial que possuímos
É de fato respirar.
O resto apenas se brinda à vida.
Imaginando que somos todos livres até de nossas vontades.
Tudo é moldado pelo tempo que ainda virá.
Portanto, cuidado: Respire mais.
E acredite: AMOR é utopia!
A gente descobre cada coisa quando o cansaço bate pra desmoralizar...
Amne

2 de janeiro de 2010

Dentro do labirinto do Fauno


Me perdi de mim...me perdi em um labirinto de um “fauno”... com aquela mistura toda entre o bem e o mal.
Rasguei meus pulsos na hera densa e fechada da vida.
Caminhei passos contrários vindos de mitologias regionais. Aprendi a colecionar erros, perdi até a compaixão pelo espelho.
Voei para um inferno feito de gelo.
Vivi uns tempos na fortaleza de minha solidão.
Descuidei das palavras e dos tons, em especial das ações que regem o movimento da Terra.O bem, o certo e o justo.
Certa vez me descreveram assim... em uma carta que me descrevia aos poucos, e com cuidado:

“...E você com aquela voz preguiçosa pela manhã... vem e diz bom dia, e dá um sorriso contando seus sonhos, e me mostrando alguma poesia, e um arco-íris se pinta sozinho no céu ... e assim eu ganho força pra continuar e seguir em frente...”

Onde eu fui parar?
Onde fica a parte da frente das histórias?
Perdi todo o encanto, aquele charme que a ingenuidade trazia da pureza do” ser menina”, e assim transparecia.
Tornei-me mais amarga e densa, um fato irrevogável ...
Mas enfim hoje sou uma mulher de cara limpa, e com os pés presos com os cravos e a trindade esquecida.
Tanto para compreender ainda meu Deus...
O primeiro passo é voltar a “cantar” poesias preguiçosas ao abrir dos meus olhos...simples, como eu sempre fiz...
Escrevendo sobre devaneios , ao som de mantras de paz...dos tempos vindouros que anseio por aqui.
Amne

1 de janeiro de 2010

A vasta sabedoria de Drummond


"Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais a mim
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque Amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte, e da morte vencedor
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor"

Lindo não é?
Coisas de C.Drummond de Andrade

29 de dezembro de 2009

2009 um simples Desatino


2009 é muito e também não é nada pra mim!
Eu achava que havia me recuperado melhor deste ano que graças ao papai Noel ou do céu (eu realmente não sei...rs) finda esta semana.
Mas ao que se apresenta, provavelmente este ano deixou feridas que ainda não possuam formas de cicatrização...o bom das feridas é que te indicam o ferimento que existiu ali, fica mais fácil de se cuidar melhor.
Tentei mandar no tempo e construir máquinas imaginárias, me joguei do sétimo andar ao menos uma vez, e foram várias as tentativas de cavar um buraco no chão com os olhos...
Cavei tanto que acabei indo parar na China,e suas leis frias.
Parei enfim de fazer planos e estabelecer metas, isto sim me esgotou e frustrou profundamente este ano, com esta minha “vista” que tudo e nada vê...
Parece que o universo é mesmo quem manda.
Talvez aquela história da hora certa pras coisas seja mesmo verdade, porque não tem nexo algum, querer arrumar as coisas e elas se tornarem cada dia mais bagunçadas, parece que o fardo é um pouco maior do que eu acreditava que fosse.
Parece que ainda tenho um “bocado” pra aprender.E mais e mais e mais...Guimarães disse já ” Viver é etecetera...”
Acabei transformando minha vida, em apenas um ano, em uma extensa reclusão.Pseudo proteção barata de quem tinha medo de crescer. Minha reclusão foi algo extremamente difícil e necessária p mim...uns chamam de depressão, eu chamo de pausa!
Momentinho de olhar pra si, como se faz nas últimas horas antes do último suspiro por aqui.Peneirando medos, erros e acertos pra melhorar a vida.
Aprendi. E posso até bater no peito por isso...
Aprendi com muita dificuldade , que por mais certo que seja, nada mas absolutamente nada justifica um erro. E um acerto também não é digno de palmas, por ser um acerto e pronto.
Independente disso tudo, de alguma forma não podemos deixar enquanto for nossa responsabilidade que laços se quebrem por problemas internos e nossos , neste caso apenas meus...
Desde criança alguém dizia (não sei exatamente quem me dizia isso): “Uma conversa muda o rumo de uma guerra” ...passei anos mastigando palavras, digerindo idéias vomitadas em pouco mais de 3 dias. Atiradas como dardos.
Fazia muito tempo que eu não olhava tanto pra fora, o mundo acontece e a gente nem vê, todo dia e o tempo todo...o mundo “é um monte de coisas pequenas juntas”.
Mas somos mesquinhos em nossas tristezas absolutas, que até é preciso que te mostrem a lua...
E ali olhando pra lua fica fácil de se ver completamente só, e perceber que amor é algo que cabe na mão.E também é como um passarinho ferido em sua delicadeza de não mais voar, morrendo macio entre nossos dedos.
Algo passível de reconstrução?
Nada é nada e ponto. Percebi que até a escuridão tem variação de tons, neste ano...
Me tornei maior com meus erros maiores ainda.
Se eu tivesse criado uma máquina do tempo certamente faria tudo diferente...sendo mais honesta com vida!
Só quem perde algo se levanta pra procurar, mesmo no escuro.
Mas é pra isso que o tempo é dividido em passado, presente e futuro.
É pra gente ter a chance de fazer melhor, viver melhor, amar melhor, ser melhor.
As percepções se dão no silêncio da gente com a gente mesmo.Mas é preciso parar o mundo, o teu, e descer em alguns segundos da vida.
Isso é estar vivo.
Reconhecer a vida e fazer o que acredita. Correr contra o tempo?
Uma vez eu tive um problema, perguntei pra alguém com vidrinhos de sabedoria armazenada como proceder.Escutei “ Compre um relógio” . Com 13 anos de idade a gente definitivamente não sabe ao certo o que fazer com o tempo.Será mesmo que algum tempo é perdido?!?
Prefiro crer nos ganhos da coisa toda.
Equilíbrio é a palavra de ordem pras luas que virão. Nem tanto céu, nem tanta terra...nem a emoção da razão, nem a razão da emoção.
Definitivamente elas precisam ser separadas em minha vida que virá .
Parei de pensar nas nuvens, agora lotarei meus travesseiros com elas, e amarei quem sempre amei!E mais e mais e mais...
2009.Cheio dos contos dos meus dias.
Com a integridade da ausência do peito que bate ao seu lado.
Mundos particulares cheios de essências vazias.E a vida é tanta...
Desejo mais pra nós, nós todos!!!Em 2010 e pra sempre.
Em menos de uma semana se encha de amigos...de chocolate...de gargalhada de criança!
Erre, mas acerte em números maiores.
Valorize as pequenas coisas e atitudes também.
Um bolo caseiro vale mais que uma festa inteira...bem mais.Eu sei.
Olhe pra quem você ama, no fundo da alma da pessoa, e relembre o que lhe fez se importar e pra sempre.
Acredite no lado bom que todo mundo tem...aposto que cada um de nós conhece alguém vidrado por cinema, por velhinhos, por desenho animado, por futebol, por pipoca, por papo no botequim...por coisas...por pessoas.
Apenas separe o joio do trigo e tente desesperadamente melhorar o mundo! O teu mundo!
Eu tenho uma amiga que adora colagens e canetinhas coloridas, e ela é incrível.
Tenho um outro amigo que curte medicina ayurvédica, ele também é demais...atrapalhado, iluminado e incrível.
Conheço uma menina que acha que é gente grande, e quer por que quer fazer uma tatto no verão...daquele tipinho incrível...
Conheço uma mulher que tem 3 filhos e rala muito pra cuidar deles, mora longe de mim...mas também é incrível...
Tem uma moça que é meio morena e meio rosa...sabe tanto ou mais de MPB que o Tom...rs ...e ela é incrível.
Conheço um poeta preso em um mundo diferente, ele tem um coração enorme e adora café...quando a gente se encontra sempre parece que faz tempo, por isso ele é tão incrível.
Tem um senhor que é menino e é meu amigo, ele ta “bombando”, porque ele é simplesmente incrível!
Tenho uma amiga, daquelas do peito, que quer casar em 2010...anda preparando as coisas e reclamando rs...e ela é incrível!
Conheço um rapaz incrível que me disse que em 2010 vai voltar a tocar clarinete.
Tem um que troquei o nome pra um simples som, ele tem uma capacidade incrível de me fazer sorrir toda hora ...é incrível...
Eu conheço e Amo cada um com uma forma diferente de amor...
E desejo PAZ!
Eu...
direto da "Pokebola" , deixando pra trás em 2009 as lembranças de um ano insignificante na tristeza, mas cheio de estrada.
Virando a página do agora, porque evoluir é preciso!
Ahh, comprei o relógio!
Lá vou eu lidar melhor com o tempo mais uma vez
...e que assim seja!

Amne

O fim do caminho


Sou o que sobrou do mundo no dia em que nasci
E fico aqui avaliando as tempestades que
se fazem no silêncio dos meus pensamentos solitários
Ouso pensar ainda que as faces da morte
Transmitem mais força que à própria vontade da vida
Quantas vezes errar o mesmo erro no espelho e chorar
Lágrimas que ninguém vê?
Queria um sol particular
Deste que se guarda no bolso
Queria uma lua no meu dia
Que curasse de vez feridas que não se calam
Sendo mais do que sou
Não apenas aquilo que me transformam
Anseio amanhãs deitada , escondida
Por uma manta fina de algodão...
e uma crosta grossa de feridas revolvidas
Por uma vida inteira
As escolhas não mais me pertencem
O caminho fechado,
com um tipo de capim doloroso
Não se abre pra “fraqueza” dos meus pequenos braços sem vontade.
Amne

23 de dezembro de 2009

Natal aqui em "GAZA"

Antigamente as coisas eram diferentes.
O Natal, por exemplo, demorava pra chegar.O ano era um tempão, e o mês de dezembro passava conforme grãos de areia soltos tentando se encontrar.
Acho que nem pras crianças o Natal demora mais. Vupt e chegou o Natal.
As vacas e os carneiros são quase tão esquisitos quanto o próprio dia pras crianças de hoje em dia.Pois é...
Semana passada eu estava lá vendo um presépio que é montado pela Igreja, aquela Matriz que tem um sino nas cidades assim como a minha, e um "gordinho" de uns 4 anos gritou apontando " Olha tem vaca mãe"...Pensei: "caracas, vacas hoje em dia são tão raras quanto o próprio reconhecimento do menino Jesus, são como ets meio obesas saidas do além...".
Vivemos em um mundo esquisito!
Hoje em dia o povo vai fazer compras de Natal na 25 de março, segurando as bolsas pra não serem assaltadas. Mas as compras eram de Natal?!? Época de paz, e se repensar boas atitudes...parece que um dia, naquele tempo do tempo mais lento, já foi assim.
A rotação da Terra era calculada na mão, tipo metros por segundo, era algo como 1.674km/hr...hoje as máquinas não comemoram Natal e a Terra anda girando 200.000km /hra no mínimo, eu acho e sinto.
Uma vez em um Natal bem distante, acho que eu tinha o tamanho do "gordinho", ganhei uma tira enorme de balas coloridas pra colocar na árvore, a pessoa passou uma tarde grudando as pontinhas das antigas balas "soft".
Era um cordão mágico todo colorido, rodelas de açúcar pro Natal.
Hoje nem as balas existem pra isso. Nem a intenção da simplicidade do cordão.
A gente anda pela cidade e os bonecos de papai noel falam boa noite?!?
Vivemos em um mundo esquisito!
Eu este ano farei algo que faço todo ano,viverei o espírito de natal : Ajudando o papai noel a dar pequenas simplicidades pela cidade...vou vestir o pequeno "doende" que tenho em casa, e as oito da manhã o papai noel vem com sua roupa vermelha pra ganharmos muitos e muitos símbolos daquele natal que já existiu.
São "risinhos" tímidos, com pés descalços na poeira da estrada que pára pra escutar os sinos que balançam sobre uma pickup "Strada"...
Tempos modernos, onde os dias passam cada vez mais rápido e quando vemos é 25 de dezembro sem nenhuma formalidade!
Espírito de Natal deve estar mais pra dar um abraço no vizinho que nunca diz bom dia há cortar um frango enorme que custa "carão", enquanto tem gente passando fome...
hohoho!
Mesmo porque a galera em GAZA não comemora Natal, e continua guerreando pela terra "Santa" rsrs...pois é...
Vivemos em um mundo esquisito!
Feliz Natal?!?
Amne

18 de dezembro de 2009

Esperança


Nunca escrevi uma carta pro papai Noel.
Inclusive quando eu era muito pequena mudava muito de casa, e sempre tive a impressão que ele não me achava por isso.
Sempre olhei para ele com desdém , diferente das luzinhas que sempre me emocionaram.Muita espera , enquanto as luzinhas eram espalhadas por casas pela cidade toda, piscavam materializando magia.Eu era muito adulta quando era criança...minha visão das coisas sempre era rígida.
Meu filho diferente da mãe, sempre escreve cartinhas...enfeitadas...cheias de sonhos.Esta semana terminou a deste ano.
Trocou de roupa, penteou o cabelo e sorrindo disse:
Vamos encontrar o papai Noel mãe?
Andamos pela cidade ...a tarde caindo e as luzinhas se acendendo aos poucos...me emocionando, voltas e voltas com o carro...decidimos estacionar e andar pelo centro à pé. Cidade do interior tem destas coisas, presépio na praça...com grupos rezando pra história do menino Jesus.
Virando a esquina escutamos o sino... ele parou estarrecido e gritou :
deve ser ele mãe... deve ser ele .
Sininhos e um sorriso cheio de inocência...emocionante.
Lá estava ele acenando pros carros, cheios de bracinhos balançando...
O pequeno parou ao lado dele meio envergonhado...ele disse :
Hohoho, esta cartinha é pra mim?
Meu filho simplesmente o abraçou...me aproximei, com aquela dificuldade rígida de criança.
Ele percebeu e disse: A mamãe não trouxe sua carta?
Respondi : Nunca escrevi cartas para o papai Noel!
Ele me estendeu a mão, segurando as minhas e disse :
Pois devia! O papai Noel pode até levar um tempo, mas sempre realiza nossos sonhos!
Pela primeira vez dei um abraço no papai Noel, ele é um homem cheio de esperança!
É muito provável que a esperança use vermelho as vezes.
Amne

Não sei


Eu tenho pensado tanto na morte
Mas este silêncio não é morte.
Este silêncio todo,
que escapa entre meus dentes
é apenas para lhe dar bom dia.
Amne

16 de dezembro de 2009

Minhas gavetas internas e ponto final.


Final de ano é uma época engraçada, porque a gente querendo ou não acaba fazendo limpeza.
É aquela tentativazinha de começar o mês que vem de um outro jeito.
Bom, aí a doida aqui pegou um milhão de papéis, uns já meio amarelados.
Um milhão mesmo, porque só o que será jogado fora lotaria fácil um saco de 100L.
Nossa, a gente tem esta mania feia de guardar tanta bagunça, na esperança que um dia lá na frente a gente tenha alguma surpresa. E deu certo!
Surpresa que não se acaba nunca mais!
Encontrei o fio da meada da história da minha poesia, ao menos do ano que finda.
Um ano que fez de minha poesia uma contínua evolução, mesmo oscilante, fraca e ofegante.
Achei emoções dobradinhas, mas depois de sorrir e separar calmamente palavras, me deparei com três textos inacreditavelmente especiais pra mim.
Embora lidar com verdades acabe diminuindo o brilho da intenção de quem escreveu.
Não foi apenas a minha poesia que cresceu!
Ah se eu fosse "eu assim" há algum tempinho atrás..Porque hoje, o que era belo antes, ganhou sabor e curvaturas...equacionando mais e mais o meu sentir.
O engraçado é que nosso olhar muda, e muda quase que diariamente.Ainda bem que guardo papéis pra ler depois.
Pois é, muitas vezes, na maioria delas minha dispersão não permite que me recorde do fato de tê-los guardado.
São peculiares, cada qual a sua maneira, e a própria intenção tratada no momento da fabricação.
Quanta beleza delineada por sutilezas inclusas:

"Me ensina a encontrar minhas asas
a tê-las e vê-las e batê-las assim
como você faz com as suas"


Lembro-me disso, só não compreendia que voar é mesmo um dom.
Então muita coisa se perde no caminho, pros papéis, menos a emoção de quem os lê.
E a lágrima que teima em acalentar a leitura.

"Quanta dor a gente agüenta antes de desistir de viver?"

A gente desiste de viver por não conseguir sentir nada, nem ao menos nortear o próprio sentimento.
Na realidade temos uma dificuldadezinha com dores, aí na maioria das vezes a gente desiste até de sonhar.
Não deveríamos nos permitir a derrota, mas ainda temos a desculpa de sermos humanos,fracos e ralos.
Certa vez li que "tristeza" é uma forma de egoísmo!

"Tocando a alma, tirando a poeira de tempos ruins"


...poucas vezes me deparei com minha própria alma tão trêmula assim, ainda bem que existem folhas palpáveis quando se têm sonhos oníricos.
Eu e alguns papéis...que estranhamente voltam do além.
E olham firmes pra mim, mostrando que não se apaga passado nem futuro.
Desenhando em palavras minha própria história.
Saudade entre o hoje e os amanhãs.
Delicadezas diárias que perdemos quando guardamos papéis amarelados,
e esquecemos das gavetas cheias de vida : a nossa...
QUE PASSOU!
FIM.
E é depois do Fim que vem o PONTO FINAL.

Amne

15 de dezembro de 2009

Perturbação da paz



Sou uma poeta
que tem problemas sérios com a poesia.
A poesia é corrupta na medida que corrompe.
As vezes eu acho que ela me transtorna.
Amne




Imagem: Ana Cañas

"Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente...
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre
Sempre acaba..."
Renato Russo

A galinha do vizinho


Somos seres ambíguos, capazes de odiar até o amor.
A gente nunca sabe dar certezas nem pra gente.Isto sim é uma verdade cheia de certeza!
Nada é mesmo tão normal na vida da gente frente a grama, e a galinha do vizinho.Lá a galinha é mais gordinha, e a grama sempre tão verde...
Mas, e nós? Como adubar a nossa grama? Tentamos engordar a nossa galinha? Imagina...Jamais o fazemos.É muito mais fácil sonhar com a “coisa” toda do vizinho.
A gente se prende na teia de nossas fantasias ilusórias, aquelas projetadas no terreno do lado de fora, longe do mundo tão nosso que criamos todo dia. Ignoramos o fato que a realidade também mora ao lado...na frente, ou do outro lado da tela do computador.
Criando situações, pessoas e galinhas narcotizamos e diminuímos nossas próprias escolhas...nos entregando ao nada que recebemos por isso.
Porque a resposta pras fantasias sempre vem em forma de vento...
Nada de amor, nada de felicidade, nada de laços...nem mesmo nos sapatos. (A era contemporânea dos velcros, me dá um baita saudosismo das orelhinhas dos ratinhos, que era como a gente aprendia a amarrar os sapatos).
A sabedoria popular está perdendo muito pra nova vida fabricada em alta escala.A sabedoria “cuide do que é teu,senão alguém leva”...pois é...a gente nem sabe mesmo mais o que de fato é nosso, foi, era...a galinha do vizinho é mais gorda? Certamente ...gorda! Mas é puro drive thru de uma ciscadeira triste...
Sinceramente acho que o meu vizinho também sofre entupindo a grama de merda na expectativa que ela cresça, e fique mais verde também...igual a minha? Nem grama eu tenho.
Puxa que pena de nós!
É tão fácil se enganar, se iludir , com expectativas “totalitariamente” individuais.
É tão pequeno o pensamento do “dar valor depois”...em contrapartida, o valor se não foi dado existiu de fato um motivo, nosso ou não.Vai saber.
O fato é que buscamos o inatingível, e o atingível perde espaço, míngua e morre.
E então a gente pára sem saber porque estamos tão tristes, e buscamos mais gramas com galinhas gordas, mesmo que de fato saibamos que são alimentadas com merda e drive thru, e provavelmente nem existam fora da imaginação da gente!
Que pena que não exista em minha casa um cimento verde.
Quem sabe em algum quintal que eu achar?
Dizem que verde é esperança.
Esperança de que uma hora saibamos lidar com nossas galinhas, e cuidar da nossa grama com carinho...antes de sonhar com as frustrações dos vizinhos e seus jardins de plástico.
Benditas aquelas frases “ De perto ninguém é normal”, e “Só podemos avaliar alguém quando dividimos com ela ao menos um quilo de sal”...
Dividir açúcar é fácil, colorir galinhas gordas também...
O que proponho é “ Alimente sua galinha com sal”, se ela sobreviver ...bom, será mesmo real e um tanto forte!
Mas deixo advertido que galinhas assim são raras, e só nos damos conta disso no final.Que é quando nos deparamos com a realidade, que nunca dá as mãos pra fantasia, e dói...embora seja mesmo tudo que possuímos!
Amne

12 de dezembro de 2009


Descobri que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases,
mas a doença delas.
Manoel de Barros

Marcas, pontos, cicatrizes e lembranças


Lembranças...
Sem crises
Sem dias
Sem horas
Sem culpas
Sem provas
Sem pedir nada em troca.
Pra sempre apenas e somente...
nos oceanos dos dias que não passam.
Amne

9 de dezembro de 2009

L'amour


Como sempre muita coisa acontecendo, "viver é mesmo uma arte"!
Sábio o criador da frase.
Como todos sabem , eu e minhas poesias tivemos uma rusga...parece que tomei um “porre” de mim.
Tenho tentado incansavelmente escrever as tais poesias dolorosas,mas vamos esperar o tempo, e lidar com tudo com mais sabedoria...não é?
Os dias andam seguindo com um gosto estranho de palha...nunca escutei tanta música francesa, uma música que tem uma elegância meio irritante, quase petulante, em geral mais me incomoda do que qualquer coisa.
Sigo dançando minhas marionetes pintadas... tenho sonhado teatros de bonecos de pano.
Ganhei um livro muito interessante sobre mulheres e suas condutas, é muito engraçado ver os tais estudiosos estabelecerem padrões pra nós “Humanas”...na realidade é hilário.Agora pense comigo a capacidade feminina à instabilidade...multiplique por milhões, e então observe valores, culturas e padrões variantes pra cada país...Hilário! Tentam massificar a própria raça...como se eu e a Rose (sabe? É a minha vizinha...) tivéssemos a mesma história e os mesmos desejos...
Também tenho escutado bossa nova...nosso jazz preguiçoso e denso. Tenho apreciado sucos diversos e ventos frios nas tardes...
Pouco tenho recordado que um dia já possui até um coração.
Lembrei daquele verso:

"E você, meu amigo galvanizado, você quer um coração?
Você não sabe o quão sortudo és por não ter um.
Corações nunca serão práticos,
enquanto não forem feitos para não se partirem..."


E depois dizem que desenhos e filmes infantis não são altamente instrutivos...o são, e como! O ano já está findando, e ainda não aprimorei meus dotes musicais, talvez 2010? Ainda preciso do violão...
Aprimorei-me este ano em coisas menores , crio quase todos os dias mundos bem pequenininhos...impenetráveis e protegidos...calmos e silenciosos...Mundinhos meus, bem delicados!
Também percebi que aquela frase também é genial “ O futuro é incerto”... pura verdade, e é assim sempre.
A gente fica planejando as coisas de acordo com aquilo que fantasiamos, e no fim nem 10% acontece, quem dirá da maneira desejada...aí já seria um milagre.
Errar dói muito, mas faz bem, abre os olhos da gente!
Continuo fabricando coisas...até aquelas que eu nem sei nada sobre elas :são sabonetes, artesanatos, chás, mantas, enfeites, colagens em fotografias...ocupando os espaços tão vazios. Na tentativa dos tais mundinhos...
Tenho também falado cada vez mais baixo e menos... Evolução? Sei lá...cansaço talvez.
To confundindo minha alma...lendo...lendo e lendo.Demoro pra absorver as coisas, mastigo e diluo bastante pro tempo passar.
Minhas ambições parecem tão menores, talvez por isso tenha cortado meus cabelos...ando querendo menos peso e mais plumas ...leves... pra voltar a voar com asas imaginárias, e risadas bobas vindas dos tais ...os amigos, que com ou sem meus cabelos rirão das bobagens no café, aquele dos sábados à tarde.
Coisas esquisitas acontecem enquanto a gente dorme... o mundo gira pacientemente.
Dá uma idéia que estamos perdendo algo.
Comprei um livro pro meu filho " Cada família é de um jeito", fala das famílias contemporâneas e suas inúmeras combinações...e mais uma vez ele, e sua vasta sabedoria, soltou :
" É mãe...tem muitos tipos de famílias, existem até famílias de ETs, todas verdes".
Não adianta a gente perde enquanto pisca, enquanto dorme. Já as crianças compreendem e assimilam enquanto respiram!
Queria voltar a estudar a língua italiana que deixei...e o curso de cinema também...
2010? Hum...talvez eu cante em 2010... “O futuro é incerto”.
Talvez eu morra em 2010!
Talvez eu viva em 2010...quem sabe?
Talvez melhore minha gramática...
Talvez eu raspe de vez os cabelos...
Talvez eu faça uma viagem pra Guiné...
Talvez nunca mais exploda um bolo...
Talvez eu nunca mais tenha um ano tão triste e solitário...
Talvez...
Porque como sabemos “ O futuro é incerto”...
Amne
TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?

Ferreira Gullar

7 de dezembro de 2009





Pouca sinceridade é uma coisa perigosa,
e muita sinceridade é absolutamente fatal.
(Oscar Wilde)

6 de dezembro de 2009

Nota do dia

Não existe solidão maior
do que se encontrar entre as amarras
de pessoas que não lhe amam...
A falta de amor constrói muros de chumbo,
derrama olhares de ácido
e nunca lhe faz companhia.
Por mais que isto,
lhe doa...
Por mais que você realmente precise...
Nada pode ser mudado!
Nem mesmo a inabalável capacidade de absorver tristezas...
Toda punição do mundo me pertence.
Toda a solidão do mundo mora em mim.
Hoje, tentando escrever...
Alegrias? Nunca as vi, nem as conheço!
Sempre lerão tristezas, que moram na companhia da minha
solidão.
Amne

4 de dezembro de 2009



"Morrer é apenas não ser visto.
Morrer é a curva da estrada."
(Fernando Pessoa)

3 de dezembro de 2009




Quero conhecer os pensamentos de Deus...
O resto é detalhe (Albert Einstein)

Se escondendo do mundo


A ESTRELA

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
Manuel Bandeira