13 de novembro de 2009

Eu juro pra sempre


Fabricando sorvetes em uma tarde dessas:

O que você quer senhora? ( ele me perguntou com um bloquinho para anotar o pedido, seus olhos redondinhos e negros observavam cada tentativa minha de racionalizar o mínimo gesto dele...)
Oi vendedor de sorvetes, qual sabor você teria?
Ele pensou, pensou olhando distraído para a caneta, e me olhou muito sério respondendo:
Bom senhora, temos qualquer sabor que a senhora conseguir imaginar.Temos de sapo, de estrela do mar e também de balde... qualquer sabor que conseguir imaginar.
Nossa...(hesitei por instantes) parece mesmo muito bom, nem sei qual escolher, qual você me sugere? Respondi.
Eu gosto do de vento...Mas, ele é difícil de vender pra senhora, porque é difícil de pegar o vento.Disse o menino, olhando para a janela como quem suspirasse a vida.
Posso te dar um conselho vendedor? Quando fizer uma ventania lá fora, leve muitas vasilhas com tampas pra capturar e armazenar o vento. E assim você poderá fabricar milhões de sorvetes...
E ventou o vento.
Aqui está senhora, consegui pegar o sorvete que queria. (ele satisfeito se aproximou com um cone plástico, e a mãozinha tampando a boca do objeto com força, pro vento não escapar...)
Oba, nunca comi deste sabor, obrigada!Nem sei como lhe agradecer, vou comer rápido pro vento não ventar, né?
Mãe, não é obrigada...você tem que me pagar...(esbravejou sacudindo as mãos com ares de inconformidade de quem fita um pecado...daqueles mortais...)
Como assim? Este sorvete é muito caro , onde iremos parar...Você quer cobrar até o vento???Achei que fosse um presente, já que vento é infinito...abundante...
É que dá trabalho para pegar o vento , né mamãe?
Ok, mas pensando bem, acho que na próxima quero uma bola de sorvete de balde, pensei que talvez eu queira desfrutar um de nuvem...pode ser?
Mãe...eu juro pra sempre, que o de vento é bem melhor!

Antonio Pergola Netto - 6 anos

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