

Gente hoje fiz uma das coisas que mais gosto, fui em uma exposição de arte em São Paulo no Sesc, que foi criada por uma francesa, a artista plástica Sophie Calle.
Ela recebeu por email uma carta do namorado, onde ele terminava com ela e no fim assinava com frio "Cuide de você". Pois essa mulher entregou o texto enviado pelo namorado para outras 107 mulheres do mundo inteiro, famosas e anônimas. Depois, filmou essas mulheres lendo e interpretando a mensagem, cada uma do seu jeito. O material produzido (84 interpretações, em fotos, textos e vídeos) originou a exposição que ficará até o dia 07 de setembro no SESC Pompéia.
Estava com uma amiga, e ficamos bem impressionadas com a ira e a angústia traduzidas por imagens de mulheres do mundo todo, ao ler o que continha no email.
É inacreditável, mas o feitiço virou contra o feiticeiro, porque nunca se deve tratar uma mulher com frieza e desprezo.Mulher se trata com carinho e quem não sabe, acaba sofrendo as consequências.
A exposição "Cuide de Você", fica no Sesc Pompeia de 10 de julho a 7 de setembro. O Sesc Pompeia fica na rua Clélia, 93, aberto de terça a sábado, das 10h às 21h, domingos e feriados, das 10h às 20h.
É isto aí,
"cuide de você" é a palavra de ordem!Porque hoje olhando silenciosamente as fotos, observei que brincar com os sentimentos alheios para alguns parece banal, e a exposição mostra não apenas a inconformidade pela falta de caráter, mas pela falta de humanidade.Me mostrou a universalidade da dor de amor à subjetividade da arte.
O motivo da exposição da artista plástica Sophie:
Sophie
Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último e-mail. Ao mesmo tempo, me pareceria melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer de viva voz. Mas pelo menos será por escrito.
Como você pôde ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência. Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para tentar superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a “quarta”. Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as “outras”, não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas.
Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e “generoso”, se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. Achei que a escrita seria um remédio, que meu “desassossego” se dissolveria nela para encontrar você.
Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei a procurar as “outras”. E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando. Jamais menti para você e não é agora que vou começar.
Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,…) e compreensível (obviamente…); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo.
Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita. Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá.
Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.
Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.
Cuide de você.
G